22 de abril de 2017

Vacinas


Antes de começar o post, quero sublinhar o facto de que isto é um blog pessoal e não o site do Serviço Nacional de Saúde nem da Direcção-Geral de Saúde... Contudo eu sou uma profissional de saúde, daí escrever sobre este tema com um bocadinho mais de conhecimento.
Não sei como ainda estamos a discutir isto mas tenho visto nas notícias, newsfeeds e etc, cada vez mais o tema da vacinação. Eu entendo as pessoas e os pais que através de uma decisão informada, escolham não se vacinar ou vacinar os seus filhos... Aliás mesmo na lei diz que a vacinação não é obrigatória mas sim recomendável, pois as pessoas têm direito de optar além de que é preciso incluir as pessoas que por questões de saúde não podem ser vacinadas.

Contudo... o que eu não suporto ver é decisões feitas, geralmente de pais, a partir de notícias sensacionalistas. Nomeadamente, as notícias (que se espalharam que foi uma loucura) de que as vacinas causam autismo. Então vocês questionam: mas tu acabaste de dizer que as pessoas têm o direito de escolher e o autismo é um assunto sério. Portanto, é um assunto muito sério mas a notícia não foi baseada num estudo científico ou num artigo médico, foi apenas fundamentada por dois médicos dando a sua opinião pessoal! Como é que se tornou "conhecimento geral", eu não faço ideia...
Outro argumento que usam para a não-vacinação que eu odeio é: então mas para que é preciso a vacina se já não existe a doença?
Por alguma razão as vacinas são tão importantes... pois as pessoas ficam imunizadas e a dita doença não se espalha. Não é lógico?



P.S. - Quanto à notícia da rapariga de 17 anos que faleceu com sarampo e que não tinha sido vacinada, em primeiro lugar, parece que a epidemia do século 21 são as notícias falsas, erradas e/ou incompletas... caímos todos pois, como seria de esperar, esperamos profissionalismo dessas instituições dos media (pelos vistos a verdadeira notícia é de que a rapariga não foi vacinada por razões médicas). Em segundo lugar, parece que só se entra em debate nestes temas importantes, como a vacinação, quando acontecem desgraças (infelizmente). Neste caso concreto, no Plano Nacional de Vacinação diz que "recomenda" os pais a vacinarem os filhos e não "obriga por lei", devido precisamente a casos, em que por razões médicas, as crianças não podem ser vacinadas. É assustador eu pensar nisto mas... eu só pude tomar a vacina do sarampo aos 18 anos, devido a uma reacção alérgica muito intensa a um dos componentes da vacina. A miúda tinha 17... podia ter sido eu! É terrível e isto podia ter acontecido à minha família. Por perceber e ter este exemplo tão concreto, quando vi num comentário ou post, a dizer que a rapariga não pode tomar aos 2 meses então mas podia perfeitamente tentar mais tarde... Sim, mas nós não conhecemos o seu historial médico (por exemplo no meu caso demorou até à idade adulta). Porque é que somos tão rápidos a julgar? Agora, além de a família não merecer menos do que compaixão e solidariedade, merecia também que a história verdadeira e completa chegasse aos meios de comunicação social. Perderam uma filha, não merecem também o bullying nem o nome sujo!

15 comentários:

  1. tens toda a razão...e eu também estou na área da saúde e por isso te digo, se a globalização dos média veio trazer coisas boas, há, no entanto, aspectos, como notícias falsas, que espalham o pior desta globalização.

    discernimento precisa-se...

    bom dia

    -___-

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  2. Li que a rapariga tinha uma irmã, também ela não vacinada. Como também li que a mãe é anti-vacinas. Pode haver 1001 razões para a miúda não ter sido vacinada, mas porque motivo as pessoas escolhem não vacinar é coisa que me ultrapassa. São opções, claro. Mas também somos livres de não estar de acordo. Não podemos é fazer nada quanto a isso...

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  3. É triste as proporções que tudo isto está a tomar. As pessoas são demasiado rápidas a julgar, a concluir verdades absolutas, mas esquecem-se que, muitas vezes, não temos acesso a todos os contornos da história.

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  4. Por acaso, não me recordo onde li a notícia, mas li que a menina tinha alergia a um dos componentes da vacina, logo era pertinente ela não a ter tomado. Seja como for, a decisão é de cada um. O mal de hoje em dia, é as redes sociais. Somos todos doutores e todos opinamos. Não há paciência!

    THE PINK ELEPHANT SHOE // INSTAGRAM //

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  5. é por isto que eu gosto muito de promover a literacia e a educação para a saúde!

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  6. Na minha opinião certas pessoas não deviam ter acesso aos media nem às redes sociais, era o melhor e acabava-se logo com um mal de uma vez... Enfim, pessoas vacinem-se!
    Um beijinho,
    http://myheartaintabrain.blogspot.pt/

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  7. Nunca vou em cantigas. E olha que o autismo não me passou ao lado!

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  8. O mundo julga e critica antes de ouvir e perceber...

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  9. Eu levei todas as vacinas e, em principio, continuarei a levar todas as que forem necessárias. Mas não sei o futuro e não sei se um filho meu não fará reacção a certas vacinas. As pessoas são rápidas a julgar quando o filho não é delas. A verdade é que se perdeu uma vida é devemos lamentar esse acontecimento.

    Acho bem que se fale agora abertamente sobre vacinação para que alguns estigmas caiam. Mas tenho para mim que esta será mais uma questão como a da amamentação, sempre a dividir a sociedade e com dedos apontados!

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  10. Ela teve uma reacção a uma vacina, mas nada de mortal, poderia ter levado outras, deduzo eu.
    Outra questão é que quem decide não vacinar coloca terceiros em risco, nomeadamente bebés. Vai visitar um bebé e o pequeno não tem imunidade e pimba!
    O motivo por algumas doenças serem consideradas erradicadas é pelo plano de vacinação. A tosse convulsa tinha saído do plano e voltou há um ou dois anos porque houve um surto.
    Os efeitos secundários são mínimos perto dos benefícios e o motivo pelo qual a notícia de que vacinar causa autismo se espalhou foi porque saiu de facto um estudo, com dados forjados e os médicos que o publicaram foram multados e viram as suas licenças retiradas e nunca mais exerceram medicina.
    Eu acho que deveria ser obrigatório com excepções, com motivo médico e atestado poder-se-ia não levar. Quando as crianças estão doentes adia-se.

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  11. Acho o jornalismo super tendencioso nos tempos que correm. Parecem os títulos sensionalistas das revistas só para vender. pena que a maioria das pessoas acredita em tudo...

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  12. Concordo inteiramente contigo. Só faltou armarem um auto-de-fé para incendias os pais da miúda, quando afinal a questão era uma reacção à vacina. O que temos é muita gente parva, sempre de dedo pronto a apontar e depois é o que é: uma javardeira por essa internet fora. Mas isso acontece porque, como dizes, as notícias falsas / não comprovadas espalham-se à velocidade da luz e as pessoas tendem a engolir o primeiro peixe que lhes vendem, sem parar para pensar.

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  13. A tua área é a saúde, a minha já foi os media.
    E concordo com tudo o que dizes.

    O mesmo se pode dizer sobre o caso de Torremolinos e todas as notícias em geral. Não sei quem culpar exatamente.... esta mediatização? Porque entre os media ainda existe os meios de comunicação que procuram fazer o seu trabalho corretamente. Mas parece que se eclipsam entre tanto sensacionalismo imediato. A «pressa» em dar notícias também funciona CONTRA o jornalismo. Porque tudo o que é publicado precisa estar bem fundamentado e por vezes, primeiro aparece a «superfície» da notícia... tal como uma onda. Depois é que vem o resto da tromba de água. Mas o que as pessoas retêm com mais facilidade é a parte da espuma.

    E infelizmente, as pessoas estão a ficar mais influenciáveis, a questionar-se menos, a presumir confortavelmente que o que escutam é 100% verdadeiro e que não tem mal algum fazer juizos de valor imediatos e precipitados. Os media e o seu ritmo ajudam nisso.

    Enfim...


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  14. Tens toda a razão, liberdade é liberdade mas com bom senso! O resultado de sermos livres não deve ser tomar opções, especialmente se influenciarem outras pessoas, baseadas em nada.

    Relativamente a tudo o que se falou sobre a rapariga, também acho incrível que as pessoas sejam tão rápidas a pôr o dedo no gatilho sem saber todos os pormenores. Sem o mínimo de respeito por pais que perderam uma filha naquele dia...

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Faz deste reino, o teu reino... Não te acanhes, está à vontade! Cá estarei para te ler.