4 de março de 2020

Ser Super Mãe É Uma Treta (opinião SEM spoilers)


Em primeiro lugar, eu já não me lembrava da última vez que comprei um livro em português! Em segundo lugar, gostaria de dizer que eu li este livro em condições extremas: no sofá enquanto o Príncipe brincava ou via os seus desenhos-animados.
Em terceiro lugar, tenho que antes de começar a minha review do livro da Susana Almeida, quero informar que este livro contém uma linguagem bastante colorida... Aliás, não sei como a editora Influência não colocou uma bolinha vermelha no canto superior, LoL.

Dito isto também quero de dizer que se quiserem virar este livro para audiobook, gostaria que se lembrassem de mim! Adoraria narrar este livro e eu até peço à minha mãe autorização para dizer asneiras! Pensem com carinho sobre isto, eheheh.

Ora bem, quanto ao livro em si, é basicamente a evolução da Susana como mãe. Ou seja, desde que incluiu o enteado na sua vida, quando engravidou, até ao presente... falando dos vários estágios da maternidade e, claro, as teorias da carochinha incluindo o sítio onde o sol não brilha para onde ela as manda.
Fala então da gravidez (que nem sempre é o equivalente a andar por nenúfares qual ninfa do lago); da amamentação (que só isto dava um livro, muito honestamente); das diferentes personalidades dos filhos; da privação do sono e consequentemente do vinho e gin... E muito mas mesmo muito "no nonsense", sem papas na língua e uma visão realista das coisas. 
Ela diz em várias vezes que não está a impingir teoria nenhuma mas tenta sim, tirar um pouco do peso da culpa dos ombros das mães. A mesma culpa que parece que nasce ao mesmo tempo que os nossos filhos.

Tendo em conta que li enquanto tinha uma criança de 2 anos a brincar no background, posso afirmar sem sombra de dúvida que a escrita da Susana é super fluída, divertida e com uma dose de realismo perfeita para os dias de hoje, quando há cada vez mais pessoal nas redes sociais a deitar areia para os olhos do povo ou a tentar vender-nos a banha da cobra.
Eu já seguia o blog Ser Super Mãe É Uma Treta já há bastante tempo e o que encontrei neste livro foi precisamente a mesma Susana que me conquistou com os seus posts. Aliás, eu cheguei a ler à minha mãe o post da Susana a tentar cortar as unhas ao filho... Pronto, ok, cortei um pouco nas asneiras mas isso é porque e passo a citar a minha rica mãe: "estás ainda em boa idade para levar umas palmadas!" #sóseperdemasqueficamnoar

Este livro teve também uma leitura especial pelo facto que ao ler uma ou outra passagem, ia falar com a Susana ao instagram. Que se não lhe forem tentar vender coisas ou chatear a mioleira, ela é uma pessoa cinco estrelas!

Portanto, no livro fala também nas teorias da treta e da fé nas fadinhas. Mostrando a maternidade real, sem filtro, que parece ser um verdadeiro tabu e qualquer mãe vista a dizer algo do género ou é excomungada da Irmandade das Mães Perfeitas ou então é logo rotulada de má mãe. E eu acho que isto não é só produto da sociedade mas também biológico.
Pensem comigo... Sim, o papel da mulher ainda é o de "mula de carga", apesar de estar lentamente a mudar, mas a verdade é que se a maternidade tivesse regada de realismo e não coberta por um véu de piriquitices, se calhar a taxa de natalidade descia a pique, LoL. Contudo, não é a minha intenção (quando escrevo no blog) e da autora do livro tirar o véu tecido pelas fadas das mães perfeitas e mostrar-vos a realidade, ou seja, mães reais... numa de combater desilusões, ilusões, culpas, depressões, solidão, etc.

Um exemplo é o capítulo "A licença de maternidade não são férias", onde eu estava a ler cada parágrafo e a dizer amén. Eu! Euzinha pensei, quando estava grávida, que quando estivesse de licença que ia ter imenso tempo! Andei a juntar livro atrás de livro e série atrás de série porque assim, ao menos tinha que fazer.

Eu...era...uma...idiota!

Além de obviamente de não se estar de férias durante uma licença, a Susana menciona de forma brilhante como a maternidade muitas das vezes parece uma ilha deserta e solitária. E como muitas mães chegam a sentir falta de ir para o trabalho pois sentem falta de existir sem os filhos e/ou conversar com adultos. Mas claro, isto não se diz, porque senão a Irmandade das Mães Perfeitas faz-nos uma espera ou então as mães entram numa espiral perigosa à conta da culpa, tendo em loop na cabeça que são más mães... Não! São apenas mães, ponto final.
Sim, porque como a Susana diz e muito bem "As mães têm de aturar muitas merdas", além da culpa que nasce com os nossos filhos, temos que aturar as opiniões (vulgo bitaites) altamente especializados dos outros.
Que as melhores são as dos pais perfeitos. Vocês sabem, aqueles pais perfeitos... que não têm filhos, LoL. Ou então as mães dos grupos do Facebook, que para mim são uma infestação de cyberbullying (se vocês não sabem do que falo, vão até ao blog da A Mãe Imperfeita).

Há uma citação que eu acho que devia ser emoldurada: 

"Dizer a uma mãe que se queixa de estar cansada que faz parte, é colocar em cima dela o peso da culpa por não aguentar ser mãe."

Muitas vezes uma mulher tem o dobro do trabalho. Isto é, imaginem duas mulheres numa pista de corrida. Uma delas fresquinha que nem alface a caminhar pela pista descansadinha da vida, até à meta. A outra com uma carroça às costas. Ela chega ao destino sim, mas depois de muito esforço e muito suor.
Este exemplo é de uma mulher sozinha e uma mulher com família. Não só temos o trabalho normal de manter uma casa, como temos o trabalho adicional. Isto é, se não queremos esse trabalho por inteiro temos que perder tempo a fazer reprogramação comportamental doméstica, que é como quem diz re-educar os maridos.
Agora já há muito de "partilhar tarefas", ou seja, eles fazem a parte deles. E eu sei que algumas pessoas vão pensar que estou a ser sexista mas é apenas a nossa realidade cultural. Os homens raramente são educados a cuidar de uma casa ou a dar valor ao esforço para manter um lar. Por isso, a mulher tem que ser mãe logo aí e educar o que as mães deles não fizeram.

Mas vocês podem ler isto e muito mais no livro...

Eu gostei mesmo muito da leitura fluída. Como que com sentido de humor a Susana nos transmite que mesmo passados anos e anos, somos mães em construção mas que mesmo não sabendo tudo mal sejamos mães, que nós conhecemos os nossos filhos melhor que ninguém e que o nosso instinto é a nossa melhor bússola.
Não contente, com estas coisas todas, a Susana acaba o livro com o melhor grito de guerra de todo o sempre: 

"Somos todas umas mães do caralho!"

Dito isto, acho que a única crítica que tenho a fazer é o facto do livro ser cor de rosa... Susana, eu tenho uma reputação de metaleira a manter, por isso numa próxima edição podes tratar do assunto? LoL.

Resumindo, aconselho este livro a todas as mulheres. Repito: todas as mulheres!

Quando colocava nas stories que estava a ler o livro, várias meninas me disseram: ah se fosse mãe ia ler esse livro.
Mesmo que não tenham filhos ou estejam sequer grávidas eu aconselho este livro a todas as mulheres pois quantas mais de nós tivermos noção da realidade e que não estamos sozinhas neste barco chamado "Maternidade", melhor!

Já conheciam este livro?


Audiobook: não tem ainda disponível mas quem sabe não me convidam mesmo, LoL.


3 comentários:

  1. Acho que só irei ler o livro quando tiver a criança no "forno" e não houver volta a dar. Se o leio antes há a possibilidade de desistir de projeto de crianças

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  2. Parece-me ser uma excelente leitura, de facto. Vou anotar :)

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  3. Deve ser, sem dúvida, uma leitura interessante.

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Faz deste reino, o teu reino... Não te acanhes, está à vontade! Cá estarei para te ler.