Eu sei que já mencionei este livro várias vezes aqui no blog e até tenho todo um episódio com a Anatomia do Livro a discutir o mesmo. Se calhar por sentir que existe tanta coisa a dizer sobre este livro e sentir também a sua importância, acho que por isso é que nunca me lancei a fazer efectivamente uma opinião... Por outro lado, senti que estava em falta pois considero que é uma leitura obrigatória para toda a gente, além de que fica perfeito em jeito de celebração do Black History Month aqui no Reino Unido.
Aliás é um livro que recomendo sempre em formato audiobook! A razão pela qual eu aconselho neste formato (que podem sempre ouvir enquanto estão a ler), pois é narrado pelo o autor. Trevor Noah é um comediante da África do Sul, agora mais conhecido por ser o apresentador do The Daily Show. Ele fala fluentemente pelo menos 6 línguas e dá uns toques noutras tantas... ele menciona cada uma delas no seu estado natural no audiobook pois a multilinguistica é uma grande parte da África do Sul (que para quem não sabe tem 11 línguas oficiais).
Começamos o livro a pensar que é apenas mais uma autobiografia com uns tons de comédia.. mas a verdade é que a maior parte dos comediantes são grandes observadores, extremamente perspicazes e eloquentes na exposição das coisas mais banais às mais sérias. O livro é bem mais do que uma autobiografia, é uma análise de como um país entrou com demasiada facilidade e viveu com o Apartheid durante anos, influenciando a vida de milhões.
Aliás o título do livro é uma das piadas da família do Trevor pois a mãe é negra e o pai é branco, na altura era proibido por lei haver qualquer tipo de interacção, daí ele dizer que nasceu um crime. Então o livro é isso mesmo, a explicação de como é que os pais dele se conheceram, o tiveram, como tiveram que viver em família (em casas separadas), a força da natureza que é a mãe dele, que muito sinceramente ela precisava de o ser pois o Trevor era bastante traquina e fazia bastantes asneiras, LoL.
Temos então no livro, temas como a cor de pele que é obviamente discutido mas além disso, o racismo que ia também para a língua falada, onde morava, aos seus antepassados, etc. Chegando à conclusão que o preconceito é tão fácil mas tão fácil de acontecer e de existir, estando nas nossas mãos mudar isso.
No final, percebemos que na verdade o livro não é de todo uma auto-biografia mas sim uma ode a uma pessoa muito importante na vida do Trevor Noah.
Já leram este livro? Ou já ouviram o audiobook? Ficaram intrigados?
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