Sim, finalmente, eu repito, finalmente eu li o Drácula de Bram Stoker! Eu sei que vai parecer um pouco estúpido eu fazer uma review sem spoilers de um clássico mas decidi fazer pois quem sabe não convenço alguém como eu, que demorou tempos infinitos a chegar a ele, a ler efectivamente o livro.
Foi graças ao #lêseteatreves da A Outra Mafalda, que ganhei coragem para pegar neste clássico, lendo-o numa leitura conjunta que foi simplesmente fantástica. Além disso, acabei por descobrir com a Shadow Frozen, que o Drácula é/foi um livro banido, entrando assim no desafio da Words à lá Carte de #readingbannedbooks!
Como tive tempo para me preparar mentalmente, pensei que precisaria de preparação em termos de conhecimento também e foi daí mesmo que surgiu o "Despertar do Vampiro", um vídeo que reúne um pouco do que aprendi a preparar-me para a leitura. Em jeito de curiosidade, o autor pegou no folclore da Europa de Leste sobre vampiros e até algumas das suas superstições. Este livro não foi de todo o mais famoso de Stoker na altura mas saiu do obscuro devido a uma adaptação cinematográfica já depois do autor ter falecido.
Relativamente à minha leitura tardia do livro, gostaria de explicar o porquê pois acho que muita gente é capaz de sentir o mesmo (não necessariamente com este livro mas com clássicos em geral). Eu, que adoro fantasia e adoro folclore, que a minha paixão foi tanta que cheguei ir à Transilvânia para poder visitar os castelos de Vlad Tepes... nunca tinha enfiado os dentes no livro (pun intended) pois tinha mesmo o pensamento que não tinha maturidade como leitora suficiente para o ler. Parece estúpido? Talvez. Talvez fosse demasiada insegurança em mim própria mas a verdade é que eu não queria ler o clássico e depois achar enfadonho pois não possuía a maturidade como leitora para o apreciar devidamente. É o Drácula, por amor de Deus, literalmente o pai de muita literatura com vampiros! Ou seja, eu queria ler e apreciar cada bocadinho... então, fui adiando.
Não achei a escrita de todo densa, eu acho que tinha em parte este preconceito com este livro por ser de 1897 e com certeza mais pessoas vão ter este preconceito, para elas digo: a escrita não é nada densa e é super fácil de seguir. Tem é um estilo particular de ser com cartas e entradas de diários, contudo como há um fio condutor de enredo, não achei confuso ou complexo.
Contudo, com a ajuda do podcast da Anatomia do Livro, consegui ver os tais elementos góticos (o estilo de agarrar o fumo e o jogo de sombras) o que me ajudou imenso na compreensão do livro. Adorei também denotar pequenos detalhes na obra que se aplicam ainda aos dias de hoje! Por exemplo, o autor menciona os romenos/wallachianos a benzerem-se muito e isso acontece nos dias de hoje pois vi isso mesmo quando fui à Roménia (ao ponto de pensar que atravessar a estrada na Roménia era um desporto radical pois o pessoal benzia-se apenas e puramente para chegar ao outro lado da estrada).
Outro detalhe foi se notar bastante o background católico do autor, nota-se que ele não escreveu a obra em desafiando a Igreja mas sim elevando-a ao status de salvadora. Isto porque, por exemplo, até à obra do Drácula, os vampiros não tinham receios de crucifixos. Mas há mais detalhes, como por exemplo, num instance uma personagem é descrita a pegar no martelo com a mão direita e na estaca de madeira com a mão esquerda, isto pode parecer inconsequente mas a verdade é que durante séculos na educação católica os esquerdinos eram vistos como diabólicos (já agora, por extrapolação de ideias, o Drácula é esquerdino).
Há muitos outros detalhes que vou deixar para a review em vídeo pois não quero colocar aqui spoilers. O que digo é que o livro não é sobre a criação do Conde Drácula, ou como efectivamente se consagrou como vampiro mas apenas como a personagem se dirigiu para a sociedade civilizada.
Para quem espera obter respostas sobre o folclore dos vampiros ou da lenda do Drácula? Que tire o cavalinho da chuva porque não vai obter, aliás para um curioso ou entusiasta de folclore (como aqui a vossa soberana) vai ficar ainda com mais perguntas, LoL. Contudo, é uma viagem aliciante e com um enredo que não é de todo lento! Foi outra coisa que acabou por me surpreender e um livro que suscite curiosidade por mais, para saber mais de uma personagem ou um lugar ou um evento, só podia ser fantástico, não é?
Entendo perfeitamente porque é que este livro é considerado um clássico e além do seu enredo, das bases de folclore e da lenda com Vlad Tepes, é realmente uma excelente "janela" para a sociedade na altura e como funcionava, por assim dizer.
Isto para dizer o quê? Não tenham medo, não adiem como eu e leiam o Drácula! Foi mesmo uma leitura muito boa, ter sido em leitura conjunta, só a tornou ainda mais fantástica pois deu para debater cada detalhe.
Já leram este livro? Também têm receio de alguns clássicos? Contem-me tudo!
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