29 de dezembro de 2021

Linguagem do Amor

 


Em primeiro lugar, gostaria de frisar que não há consenso na comunidade de psicólogos e terapeutas relativamente a este assunto, aliás isto até é mais usado em terapia para casais, mas para quem nunca ouviu falar do tema, vou explicar de forma muito breve e em consideração os profissionais que efectivamente concordam com o assunto. 

Love languages ou as linguagens do amor que as pessoas em relações afectivas usam para demonstrar o seu amor e afecto entre si, estão divididas em 5 categorias. Temos então: physical touch (toque físico), words of affirmation (palavras de afirmação), quality time (tempo de qualidade), receiving gifts (receber presentes) e acts of service (acções ou serviços).

O pensamento por atrás é que cada pessoa expressa o seu amor de maneira muito própria, "na sua própria linguagem", e numa relação uma pessoa pode expressar de uma forma e a outra pessoa de outra, não falando assim a mesma "linguagem". Ou seja, mesmo quando duas pessoas se amam muito, ambas podem não sentir o amor da outra pois é numa outra linguagem.

Por exemplo, psychical touch é a primeira linguagem que aprendemos como crianças, que é crucial para o nosso desenvolvimento, aliás esta linguagem é crucial para qualquer relação: segurar as mãos, beijos, abraços e miminhos, libertam hormonas mas para pessoas em que esta é a sua love language, é o toque físico que faz com que se sintam verdadeiramente amadas. 

Em words of affirmation, a pessoa precisa de se sentir apreciada, recebendo comentários positivos ou elogios, seja pelas acções ou simplesmente "gosto muito de ti".

Em quality time, é a pessoa receber undivided attention, ou seja, actividades em que sinta que a outra pessoa esteja a dedicar aquele tempo somente para ela.

Quanto a receiving gifts, é literalmente receber presentes, que pode ser apenas uma flor selvagem apanhada no jardim, seja uma caixa de chocolates ou um livro... Estas pessoas sentem-se apreciadas assim.

Relativamente com acts of service, é o equivalente de "acções falam mais alto", no sentido que se sentem verdadeiramente amadas quando a outra pessoa limpa a casa, por exemplo, ou cuida da roupa ou ainda trata das compras de mercearias.

Portanto, como disse, duas pessoas podem ter duas linguagens diferentes, por exemplo, (e vou utilizar como exemplo uma relação heterosexual) um homem que está constantemente a oferecer massagens à sua mulher, enquanto que ela lhe está sempre a dizer o quão fantástico ele é como marido e como pai. Mas a verdade é que o homem procura o toque, preferindo talvez uma massagem da mulher, enquanto a mulher deseja que o marido afirme e reconheça o que ela faz pela família. Isto é extremamente interessante, especialmente em terapia de casal ou simplesmente descobrir num teste online qual a sua love language, e ver se faz sentido na sua vida e nas suas relações, além dos problemas que nela tem ou teve. 

Muito interessante mas... A minha dúvida é outra! 

A minha verdadeira questão é: será que nós nos amamos a nós próprios na nossa própria love language? Ou seja, se a nossa love language é words of affirmation, dizes em voz alta (ou escrever num journal) a ti próprio(a) o quanto és espectacular ou elogiar as coisas boas que fazes? Ou se és quality time e dedicas umas horas para fazer algo somente para ti? Ou ainda se és physical touch e marcas um spa day de vez em quando? Ou se és receiving gifts, se no final do mês compras um miminho só para ti? Ou se és acts of service que tal fazer algo como voluntariado?

Seja que linguagem for, será que te amas na mesma linguagem? Porque mais difícil do que aprender a amar outra pessoa, é mesmo aprender a amarmos a nós próprios. 

17 de dezembro de 2021

Zeus, o deus que não sabia estar quieto

 


Como não mencionar todas as escapadinhas deste deus?! 

Zeus é, na verdade, o pai dos deuses… e acho que levou esse título demasiado a sério e tentou ser o pai de toda a gente.

Era muito comum ele transformar-se em animais para conseguir aquilo que queria. Impressionou a Demeter e a Persephone transformando-se numa serpente; a Asteria e Aiginia numa águia; a Boetis numa cabra; a Europa num touro; Phtia numa pomba e Leda num cisne, entre muitos outros. 

Contudo, numa comunidade clássica como esta, é aceite o que atualmente é considerado violação. Na verdade, significava mais um rapto ou simplesmente o ato de levar. Por isso, se calhar estamos a ser muito duros com Zeus… Afinal ele apenas levava as mulheres, o facto de meses depois nascer uma criança é pura coincidência.

Mas a bela da ironia é que Zeus é o deus dos juramentos, punindo todos aqueles que mentem ou são desonestos… Ou seja:

1. Obviamente, Hera não recebeu o memorando.

2. “Olha para o que eu digo, não para o que eu faço.” - Zeus

3. O bom castigo para ele seria pagar a pensão de alimentos de todos os filhos, LoL.


Nota: tive que colocar uma imagem do filme da Disney, Hércules porque nunca uma imagem está mais fofa e errada ao mesmo tempo, LoL.

Nota: muito obrigada Sam_Livralma pela revisão do texto.

8 de dezembro de 2021

Wonder Woman: the true amazon (opinião SEM spoilers)


 

Em primeiro lugar, quero agradecer à Olga pela prendinha! Eu que tinha tão pouca banda desenhada em formato físico, agora já tenho toda uma secção e uma das grandes culpadas é definitivamente a Olga.

Tenho a dizer que adorei ler este comic, principalmente pela arte em si que é só fantástica mas também pelo pequeno vislumbre à história de origem da Wonder Woman. Não é a história mais espectacular mas para mim valeu imenso a pena pois esta heroína nunca assim uma grande favorita pela imagem de perfeição que passava para fora. 

Que achava sempre um piadão a pessoas que perpetuavam essa imagem de perfeição pois a origem efectivamente da personagem tem assim todas umas nuances de BDSM mas isso são para outros carnavais que muito possivelmente irão acontecer no Geekices do Demo.

Portanto, a história desta comic, deita essa imagem de perfeição um pouco por terra e foi isso que me fez gostar mesmo muito do comic. Claro que o facto de ter mitologia grega ajuda sempre, não é mas relativamente à heroína em si, foi uma excelente adição. 

Já leram algum comic desta personagem? Qual é a vossa heroína favorita? 

24 de novembro de 2021

A Touch of Darkness (opinião SEM spoilers)


 

Numa altura em que não estava com grande cabeça para ler, decidi fazer uma leitura conjunta com a Sara deste livro da Scarlett St. Clair. Tendo em conta que é um livro com a minha mitologia favorita (a mitologia grega, caso não saibam) e sendo um livro com bastante hype na comunidade livrólica, decidi fazer todos uns vlogs de leitura, partilhando assim a minha experiência. 

Vou deixar mais abaixo esses mesmos vlogs mas primeiro vou fazer uma curta opinião pois muito já foi dito nos vlogs. Aliás, se por acaso estiverem indecisos se vão ler este livro ou não, o meu conselho pessoal de amiga é: não leiam, vejam os vlogs que é tempo mais bem gasto, LoL.

Dito isto, acho que já começam a perceber o que achei do livro não é? Eu primeiramente pensava que o livro tinha sido publicado através de uma editora, o que me estava a deixar escandalizada mas depois ao descobrir que foi auto-publicado, só me deixa mesmo impressionada com o facto dos livros terem ido tão longe. Tendo em conta que sendo auto-publicado muito da remuneração vai para a autora mesmo, custou-me bem menos a aceitar o sucesso desta saga.

No início ainda estava aberta a ler a saga, pelo menos para tentar perceber o hype e depois perceber se os livros ficariam melhor ao longo da saga. Decidi que não o iria fazer pois enquanto estava a ler este livro, as minhas teorias e especulações eram melhores do que o enredo que me era apresentado. Muito mau sinal quando isso acontece. 

O livro todo tem uma vibe de 50 Shades of Grey mas com mitologia grega pelo meio. Que nada contra esse tipo de livros mas esperava mais, muito honestamente, principalmente quando via reviews a dizer que o livro era fantástico et cetera. A personagem principal, Persephone, não tem evolução nenhuma; Hades, mal sabemos alguma coisa dele porque ele mal fala coitado; o vilão é super fraquinho. Adicionando o facto de muitas das coisas serem cliché e a autora não ter trazido nada de novo ao mito, o que não tornou a leitura deste livro num suplício foi mesmo o facto de ter sido em leitura conjunta com a Sara. 

A razão pela qual eu leio retellings, principalmente recontos do meu mito favorito Hades e Persephone, porque gosto de ler algo com um cunho pessoal. Uma nova abordagem, uma nova maneira de ver as coisas, um novo twist... Não senti isso neste livro, de todo. Não trouxe nada de novo ao mito, foi apenas uma abordagem cliché e com personagens muito pouco desenvolvidas. 

Assim sem dar spoilers, não consigo dizer muito mais mas não consigo aconselhar mesmo este livro a ninguém quando eu li o "Hades and Persephone: the curse of the golden arrow" que é também self-published, com algumas correcções a fazer mas em termos de abordagem do mito e da mitologia que o emgloba, está muito melhor. 

Portanto, já leram este livro? Concordam com o que eu digo ou nem por isso? Não podemos gostar todos do mesmo, já sabem e eu sendo uma grande fã deste mito se calhar tendo a ser um pouco mais exigente nos livros que me aparecem nas mãos com o tema em questão.

Já agora, conheciam este livro? Estavam indecisos se o iam ler ou não? Já sabem... vejam os vlogs, está tudo lá dito, LoL.


1º vlog (SEM spoilers) - Vlog de leitura de "A Touch of Darkness"




2º vlog (COM spoilers) - I read "A Touch of Darkness", so you don't have to




3º vlog (COM spoilers) - "A Touch of Darkness", our final verdict


P.S. - Mais uma vez, muito obrigada Sara por alinhares nestas minhas maluqueiras e por tornares as nossas leituras conjuntas sempre espectaculares, tanto seja pela rambóia como pela análise brutal que fazes sempre dos livros!  

10 de novembro de 2021

Malibu Rising (opinião SEM spoilers)

 


Como já devem saber, a autora Taylor Jenkins Reid, não é uma estranha aqui no Reino. Aliás eu estava mesmo na demanda de ler tudo da autora, que com a leitura deste livro mais recente dela, completo então este desafio.

Este livro é na sua essência um drama familiar. Tem duas timelines diferentes, uma mais recente e outra nos anos 80, ambas passadas em Malibu. Não só isso, temos diversas perspectivas dentro do tal drama familiar., o que se calhar foi isso que tornou difícil na leitura de ter o mesmo tipo de emoção visceral que tive, por exemplo, no Daisy Jones and The Six ou ainda no The 7 Husbands of Evelyn Hardcastle

Apesar de não ter tido a mesma reacção que nos outros dois livros mais recentes da autora, a escrita é na mesma fantástica, com uma musicalidade incomparável e sempre com grande detalhe relativamente à emoção humana retratada tão realisticamente, que a autora já nos habituou.
Este livro não é então um "romance" por assim dizer, é literalmente a história de uma família imperfeita e as suas relações com os seus altos e baixos.

É engraçado como no livro todo sabemos quando vai ser o climax mas mesmo assim estamos a ler ansiosos para lá chegar e saber o seu desfecho. Pessoalmente eu consegui prever um pouco mas não me tirou o prazer de ler mais uma história contada pela autora. Aliás a minha parte favorita foi mesmo as relações e o trauma familiar. 
Pois muitas das vezes os adultos não têm noção de como certas situações podem afectar o desenvolvimento das crianças, até mesmo a sua personalidade. Essa parte, mais uma vez, Taylor Jenkins Reid, não desiludiu nem um bocadinho!

Portanto se quiserem ler um livro em que o tema principal é um drama familiar, com diversos pontos de vista, este livro é para vocês. Contudo, se esperam ter o mesmo tipo de emoção visceral que nos outros livros da autora, então este livro não é para vocês ou então tirem essa espectativa antes de o lerem. 

Já leram este novo lançamento da autora? Ou já leram ou têm algo para ler da Taylor Jenkins Reid?


P.S. - mais uma vez obrigada à Sara, que foi a minha compincha de leitura. Conseguimos finalmente ler tudo da autora!

5 de novembro de 2021

V for Vendetta (opinião SEM spoilers)



People shouldn't be afraid of their government. Governments should be afraid of their people.

Behind this mask there is more than just flesh. Beneath this mask there is an idea... and ideas are bulletproof.


Quando decidi adquirir alguns comics, este estava no topo da minha lista! Não só por ser uma mega fã do filme (que já revi mais vezes do que é provavelmente recomendado), não só por querer ter algo do grande Alan Moore nas minhas estantes mas também por ser uma mega recomendação de muita gente da comunidade dos livros. Aliás, eu já tinha lido online o League of Extraordinary Gentlemen do autor e apesar de ter achado interessante, não senti a necessidade de comprar mas... "V for Vendetta" foi diferente.

Este comic pode ser lido talvez num par de dias mas a verdade é que, pessoalmente, tive que fazer várias pausas a lê-lo. Isto porque o livro foi finalizado em 1988, ou seja, em mais de 30 anos, como é que passado este tempo todo, os temas abordados continuam relevantes?

Para quem não conhece V for Vendetta de todo, os temas revolvem à volta de uma Inglaterra distópica, onde numa ditadura aparece uma personagem que mostra à população que efectivamente uma jaula dourada, não deixa de ser uma jaula. Como seria de esperar tem história, política e muitos tons distópicos, por isso gostaria só de dizer que este livro tem como propósito não só nos alertar como também nos incomodar e nos enfurecer. É-me mesmo difícil de tentar fazer uma opinião quando eu gostei mesmo muito do livro, esta leitura para mim não foi de 5 estrelas mas de 6! 

Gostaria também de deixar a nota que, agora depois de ter lido o livro, considero que o filme até está relativamente bem adaptado. Não só pelo retrato brutal das personagens (com um casting que é só maravilhoso) como a transmissão perfeita dos temas do livro.

Se gostam de ou querem ler mais distopias, se querem ler um livro que ataque a vossa comodidade ou faça uma grande análise social, se querem ler (na minha opinião) um clássico que continua assustadoramente relevante e com um final que pessoalmente acho fantástico... aconselho vivamente este livro!

Remember, remember the fifth of November of gunpowder treason and plot. I know of no reason why the gun powder treason should ever be forgot.

1 de novembro de 2021

We are all connected


Eu sei que talvez já vou tarde para qualquer post sobre o Halloween, aliás não era de todo o meu propósito. Mas só gostaria talvez de hoje vos falar do que acho relevante sobre esta altura do ano em si...

Ora bem, nesta Era Digital, toda a gente conhece o Halloween e também devem conhecer a celebração da cultura Celta, o Samhain. Há, com certeza, pessoal mais entendido que vos pode fazer uma colocação mais profunda a nível cultural, temporal e geográfico. Não é o meu caso...


O que eu acho deveras interessante, é o facto de várias culturas terem celebrações semelhantes nesta altura do ano... Acho intrigante o facto de culturas separadas por semanas (ou meses) de caminho a cavalo, de barco ou até mesmo a pé, tinham semelhanças nas suas celebrações religiosas e superstições.

Um bom exemplo, seria falarmos de Vetrnaetr, da cultura nórdica. Que não seria necessariamente no dia 31 de Outubro mas era celebrado, mais ou menos, durante este mês. Onde os nórdicos rodeavam caldeirões fumegantes, rezando aos Deuses e aos Elfos mas principalmente as Dísir, que são seres que controlam o destino da humanidade e nesta celebração se pedia a sua bênção.

Outro exemplo, seria os Eleusinian Mysteries, que era uma grande festividade da Grécia Antiga do qual sabemos pouco. Do que sabemos, é que se dava por volta de Setembro ou Outubro. E que começou como uma celebração agrária, com os deuses Dionysus e Demeter. Mas que depois com o nascimento de Kore/Persephone, transcendeu para algo mais profundo, sobre a nossa viagem para os Elysian Fields.

Contudo, há certos académicos e historiadores acreditam que esta celebração da Grécia Antiga, foi potencialmente influencianda pelas crenças do Egipto Antigo, em que a morte é apenas uma outra fase da nossa existência e não apenas o fim de tudo.

Independentemente da cultura, da mitologia, dos deuses ou dos rituais... é super interessante ver que numa Era em que estávamos bem mais separados (comparativamente à Era em que vivemos agora, onde com um click conseguimos estar em contacto com costumes do outro lado do mundo), onde havia todo um consenso em que nesta altura é a nossa oportunidade para celebrar não só a nossa Mãe Natureza, por mais um ano de abundância, como também celebrar o outro lado do "véu" e as suas divindades.

Isto para dizer o quê?

Independentemente da Era, sabemos como humanidade que lá no fundo (mesmo que seja lá no fundo de tudo) que estamos todos conectados! Para quê tanto preconceito e ódio com o próximo, quando vamos todos nos encontrar, eventualmente, do outro lado do véu?

Quem sabe um dia o Halloween não evolui de não só de uma antiga celebração pagã, para uma nova celebração mundial de tolerância.


Blessed be everyone!

20 de outubro de 2021

Carmilla (opinião SEM spoilers)



Não será por acaso que guardei esta review para esta altura, não é? Faz este mês um ano em que li o Drácula de Bram Stoker pela primeira vez e depois de o ter lido, decidi que tinha que ler Carmilla, de J. Sheridan LeFanu pois é um livro que o antecede. 

Aliás eu menciono precisamente este livro no meu vídeo "O despertar do vampiro", que gravei aquando uma pequena pesquisa sobre o folclore. Pois o Carmilla foi publicado em 1872 e o Drácula em 1897, ou seja, não só é interessante o facto de ambos os autores serem irlandeses e com backgrounds católicos, como também é o facto de o Carmilla ser o mais "puxadote" em nuances homosexuais. Tendo em conta o período em que foi escrito e o ambiente conservador em que se vivia, este conto acaba por corroboar precisamente aquilo que digo no vídeo de "O despertar do vampiro", em que refiro que os vampiros tanto na literatura como nos filmes, tendem a "puxar a barra" dos limites da sociedade.

Não achei o inglês particularmente difícil, como é normal ter essa ideia preconcebida para clássicos. A linguagem não só é acessível como preenchida das cortinas de fumo, do mistério e do suspense, que é tão habitual neste género gótico. 
A história, que se passa no século 19, é basicamente sobre uma menina, em que o seu pai acolhe uma outra menina, a Carmilla, sendo esta estranha e simplesmente linda. Ao longo da narrativa cria-se toda uma ligação entre as duas, além claro do mistério principal.
Gostaria de deixar uma nota que quando este conto foi publicado o folclore dos vampiros não estava imensamente presente na sociedade, principalmente deste lado da Europa. Por isso, acho que é preciso ter isso em conta quando se lê este conto. Além de que LeFanu não tem toda a simbologia dos vampiros no seu conto pois isso veio mais tarde.

Não posso dizer muito mais pois como é um conto, tenho receio de dar muitos spoilers mas se quiserem uma recomendação para uma leitura para este mês ou para vos acompanhar na noite de Halloween, Carmilla é perfeito! Daí recomendar a qualquer entusiasta deste tipo de folclore e até mesmo em termos de interesse de como é que este livro sobreviveu tendo nuances tão vincadas de homossexualidade. Mais e mais me entusiasma em ler sobre a psicologia à volta dos vampiros... talvez um dia, LoL.

Já leram este conto clássico? O que vão ler para esta quadra?

8 de outubro de 2021

Born a Crime (opinião SEM spoilers)



Eu sei que já mencionei este livro várias vezes aqui no blog e até tenho todo um episódio com a Anatomia do Livro a discutir o mesmo. Se calhar por sentir que existe tanta coisa a dizer sobre este livro e sentir também a sua importância, acho que por isso é que nunca me lancei a fazer efectivamente uma opinião... Por outro lado, senti que estava em falta pois considero que é uma leitura obrigatória para toda a gente, além de que fica perfeito em jeito de celebração do Black History Month aqui no Reino Unido.

Aliás é um livro que recomendo sempre em formato audiobook! A razão pela qual eu aconselho neste formato (que podem sempre ouvir enquanto estão a ler), pois é narrado pelo o autor. Trevor Noah é um comediante da África do Sul, agora mais conhecido por ser o apresentador do The Daily Show. Ele fala fluentemente pelo menos 6 línguas e dá uns toques noutras tantas... ele menciona cada uma delas no seu estado natural no audiobook pois a multilinguistica é uma grande parte da África do Sul (que para quem não sabe tem 11 línguas oficiais)

Começamos o livro a pensar que é apenas mais uma autobiografia com uns tons de comédia.. mas a verdade é que a maior parte dos comediantes são grandes observadores, extremamente perspicazes e eloquentes na exposição das coisas mais banais às mais sérias. O livro é bem mais do que uma autobiografia, é uma análise de como um país entrou com demasiada facilidade e viveu com o Apartheid durante anos, influenciando a vida de milhões.

Aliás o título do livro é uma das piadas da família do Trevor pois a mãe é negra e o pai é branco, na altura era proibido por lei haver qualquer tipo de interacção, daí ele dizer que nasceu um crime. Então o livro é isso mesmo, a explicação de como é que os pais dele se conheceram, o tiveram, como tiveram que viver em família (em casas separadas), a força da natureza que é a mãe dele, que muito sinceramente ela precisava de o ser pois o Trevor era bastante traquina e fazia bastantes asneiras, LoL. 

Temos então no livro, temas como a cor de pele que é obviamente discutido mas além disso, o racismo que ia também para a língua falada, onde morava, aos seus antepassados, etc. Chegando à conclusão que o preconceito é tão fácil mas tão fácil de acontecer e de existir, estando nas nossas mãos mudar isso.

No final, percebemos que na verdade o livro não é de todo uma auto-biografia mas sim uma ode a uma pessoa muito importante na vida do Trevor Noah. 

Já leram este livro? Ou já ouviram o audiobook? Ficaram intrigados?

22 de setembro de 2021

Hades And Persephone: Curse Of The Golden Arrow (opinião SEM & COM spoilers)


 (Spoilers estão protegidos aquando visualizado em versão Web mas para conseguirem ver basta selecionarem o texto)

Eu desconhecia este livro, aliás ele só me veio parar às mãos porque a minha querida Shadow_Frozen me o ofereceu. Contudo, mal vi o título e as ilustrações que fiquei super intrigada para o ler!

Para vos falar deste livro, tenho que ir por partes. Em primeiro lugar, porque é o que salta mais à vista, uma pessoa questiona-se o porquê de terem escolhido aquela capa, quando dentro do livro existem ilustrações bem mais bonitas. Ou então meter a capa só com os designs da borda, que são lindíssimos! Se estou a ser picuinhas? Provavelmente... mas não sou grande fã de ter pessoas na capa. Manias.

Isto das ilustrações, levou-me a pesquisar um pouco mais sobre a autora que não só fez self-publishing, como é designer/ilustradora e fez toda a arte do livro! Relativamente ao tema... ora bem, pode ser um choque para vocês mas eu não só adoro mitologia grega como tenho assim um fraquinho pelo mito de Hades e Persephone. Eu sei, um choque, LoL. 

Portanto, eu decidi ler este livro numa altura em que não estava a ler de todo, estava assim num funk literário e precisava de algo relativamente leve ou fácil para ler. Peguei neste livro, não só porque (para ser honesta) estava mesmo mortinha por pegar nele mas porque no GoodReads dizia que era um standalone. 
Para quem lê fantasia sabe o quão raro isso é de ter um standalone de fantasia, então em vez de me comprometer com uma trilogia ou saga, lá peguei no livro. Isto não é totalmente verdade, se querem efectivamente ler, vão com o conhecimento de que o final está assim em aberto pois há ideia de haver um segundo livro. Contudo, isto só descobri depois de alguma pesquisa intensiva no site da autora.

O tema de retellings ou adaptações de mitos, seja de que mitologia for, é engraçado e intrigante. Pois, eu pelo menos sinto-me assim, o leitor sabe a história. Eu sabia o final da história de Hades e Persephone. Aliás eu fiz todo um vídeo Hades and Persephone: o mito em que efectivamente explico o mito em si e as duas versões do mesmo. 
"Então mas se sabes o que vai acontecer, porque é que vais ler?" Perguntam vocês e muito bem... Eu mais e mais me apercebo que adoro retellings. Eu gosto quando pegam num mito ou numa história e lhe dão outro twist ou uma nova interpretação. A imaginação humana é infinita, além claro, "quem conta um conto, acrescenta um ponto" e o autor acaba por sempre deixar o seu cunho pessoal que pode enriquecer a história.

Por isso, eu li o livro pela viagem e não necessariamente pelo destino. A início dessa mesma viagem, estava relativamente preocupada, assim o primeiro terço do livro estava muito cliché com uma das versões do mito e a personagem principal está assim bastante simples... Contudo, a escrita é tão modesta e tão fácil de ler que devorei o livro num instante. Especialmente quando a autora fez a junção de ambas as versões do mito, coisa que nem pensei ser possível mas adorei. Aliás, a autora menciona personagens relativamente secundárias da mitologia, o que na minha opinião deixou o livro bastante mais rico, apesar da sua escrita tão simples.

Como disse, a autora fez algo muito interessante com as duas versões do mesmo mito e ainda Ovid, pensei por momento no início que ia ser a típica história de romance com síndrome de Estocolmo. Mas não, efectivamente há todo um romance lindíssimo e não só... e foi este o cunho pessoal da autora que me partiu o coração e me fez dar uma maior pontuação. A razão pela qual Hades e Persephone nunca tiveram filhos... não só pela questão de que afinal não é Hades que é infértil mas sim Persephone que não quer de todo filhos devido a uma experiência traumática. Outra coisa que pensei mas a autora não explorou, foi o facto de Hades e Persephone receberem todos os seus súbditos no Underworld, incluindo as crianças e que algumas delas não têm família e estão sozinhas. Eu na minha cabeça imaginei logo um grupo de crianças perdidas com ambos pois eles nunca os iriam abandonar.

Portanto, a interpretação da autora, não só do mito mas da mitologia em si, está assim para lá de impecável. O enredo foi assim uma viagem atribulada mas fantástica! Daí ficar com imensa pena que o livro não tenha tido revisão ou ter passado pelas mãos de um editor. Não pela questão da escrita amadora ou erros ortográficos (que por acaso não vi nem um) mas pelo facto das personagens principais estarem unidimensionais e partes irregulares na narrativa, inclusive a certo ponto a autora adiciona demasiados elementos de uma só vez. Isto vindo de quem lê High Fantasy, por isso estão a ver o quão atabalhoadas aquelas partes não devem estar.

Contudo e porém, apesar das suas falhas, foi o livro certo na hora certa. Se calhar se tivesse lido noutra altura não o teria apreciado tanto mas eu ia para ler algo leve e foi precisamente isso que tive. 

Aconselho este livro para quem é aficionado pelo mito de Hades e Persephone como eu, acreditem que o twist da autora está mesmo muito interessante. E aconselho também a quem quiser ler um livro de fantasia (com o tema de mitologia grega) mas com uma escrita mais leve e mais amadora. 
Mais que isso, infelizmente não, pois o livro precisa mesmo de uma boa revisão... entre também o facto de a autora ter desenhado Hades assim com um bigode. Não sou fã de tal coisa, LoL.

Estariam interessados a ler este livro? Costumam ler retellings?

15 de setembro de 2021

Setembro Amarelo



Era para escrever um post a falar precisamente do quão é importante falarmos sobre a saúde mental... 

Para quem não sabe, Setembro é o mês da consciencialização sobre a prevenção do suicídio. Chama-se Setembro Amarelo e acontece neste mês porque dia 10 é o dia mundial da prevenção do suicídio. 

Vocês sabem que o tema "saúde mental", é um tema bastante presente aqui no Reino. E era precisamente neste post que ia escrever algo sobre como é preciso eliminar um pouco o estigma à volta deste assunto. 

Mas a verdade é que estou tão cansada... 

Sinto a minha cabeça como se estivesse debaixo de água. Eu sei que advém de tudo o que aconteceu desde o ano passado mas estou mesmo a chegar a um limite em termos de cansaço. 

Não se preocupem, estou a ser acompanhada. Até porque sou das que pensa que se vamos ao médico quando partimos um braço ou temos uma amigdalite porque raio é que temos que ter pudores em ir ao psicólogo quando não estamos bem mentalmente? 

Anyway... Mas o cansaço é das últimas coisas a ir embora e eu tenho plena consciência de que o que tenho falta é mesmo de férias. De férias a sério, onde estou com a minha família e vejo que estão bem, encho o coração com os amigos e relaxo finalmente. 

Não gosto de tomar decisões quando estou assim mas acho que tenho que ser realista e não vou estar a 100% a fazer as coisas que tenho todo o gosto em fazer. Portanto venho por este meio avisar que o Bookmedia vai tirar umas férias até ao próximo ano. 

Estou a adorar a viagem que está a ser este projecto em descobrir as pessoas por detrás das contas mas também adoro quando estou completamente focada em dar à pessoa convidada o melhor episódio. Por isso: férias. 

Isto para dizer mais o quê? Cuidem de vocês. Ouçam não só o vosso corpo, como estejam atentos aos sinais de que se calhar estão a precisar de uma pausa (seja do que for). Façam o seguinte exercício: pensem na paciência, carinho e amor com que tratam o vosso melhor amigo ou amiga... Experimentem ter essa mesma paciência, esse mesmo carinho e esse mesmo amor mas com vocês próprios. 


And always remember that you are unique, you matter and, ultimately, you are loved.

8 de setembro de 2021

Midnight Poppy Land (opinião SEM spoilers)

 


Eu sei que já mencionei esta webcomic várias vezes, não só nas minhas recomendações do Webtoon mas como também nos meus wrap-ups... pois acabou por se transformar numa das minhas comics favoritas, daí eu ter decidido fazer uma opinião. Apesar, no entanto, de que a comic ainda está a decorrer, encontra-se de momento na segunda temporada. 

Eu comecei a ler esta comic pela arte da Lilydusk, que é só imensamente cativante como a artista leva o contar da história muito ao pormenor e eu adoro isso. Acho que isso é a epítome de uma comic, não só contar a história com palavras mas também com detalhes visuais. 

Assim resumindo, temos a nossa personagem principal a Poppy que é book editor, a começar não só a sua carreira mas como também a sua vida na grande cidade. Devido a uns certos e determinados acontecimentos da vida, cruza-se com Tora, um homem que pertence à Máfia.

Dito isto, podia afastar muita gente desta comic pois poderiam pensar: mas que valente cliché pegado! Até podia... #sóquenão. Desde a arte, ao facto de a história ser levada ao pormenor, aos temas abordados, esta webcomic vicia-nos como se não houvesse amanhã! Na verdade, o resumo oficial na Webtoon foi alterado, o que me deixou imensamente curiosa sobre o rumo que a autora vai levar... Por acaso, era engraçado pois envolvia um triângulo amoroso que tendo em conta as personagens que a autora não só criou como evoluiu, não sei muito bem como a coisa se ia dar, LoL.

Conseguimo-nos relacionar com Poppy, o que foi uma surpresa agradável porque no início pensei que fosse a típica personagem inocente e ingénua mas não, a autora colocou várias camadas à personagem. Quanto ao Tora, adoro toda a backstory que vamos tendo ao longo dos episódios, entendendo o porquê de ele ser como é e a sua situação, que mesmo assim não o impede de ser respeitoso.
Vocês deviam mesmo ler esta comic se vocês querem ver uma personagem principal feminina com proporções de corpo realistas, uma excelente interação entre personagens, não só ler sobre um romance mas com cenas relativamente violentas e alguns assuntos pesados. 

Mais uma vez, tenho que mencionar a arte. É só maravilhosa! Não só pelo detalhe das personagens, dos backgrounds mas pelo contar de uma história com várias camadas devido à sua arte em si. Aliás, a minha coisa favorita de se fazer aos sábados é ler o episódio duas vezes, para depois falar de cada detalhe com mais pessoal a seguir a comic. Só para dar um exemplo, num determinado episódio, mostrava a mão de uma das personagens a tremer e nesse sábado estivemos precisamente a discutir o que isso poderia significar. Sim, chega a esse pormenor!

Espero ter-vos, pelo menos, convencido a darem uma vista de olhos a esta webcomic. Já conheciam ou já seguem religiosamente cada episódio?

25 de agosto de 2021

Circe (opinião SEM spoilers)

 



Este é o segundo livro que leio da autora Madeline Miller. O primeiro foi o atribulado The Song of Achilles, que para quem leu essa review, sabe que foi por uma falha técnica da minha parte que esse livro não se tornou um dos meus favoritos do ano. Isto para dizer o quê? Ora bem, eu já sei que gosto da escrita da autora por isso estava mesmo ansiosa por ler este livro. 

Este livro é sobre a filha mais velha do titã Helios (não necessariamente o deus do sol, porque esse cargo está para o Apollo mas é mais como que a personificação do sol... eu nunca disse que mitologia grega era fácil, ok? LoL) e da Perse (uma ninfa dos oceanos, filha ela própria do titã Oceanus). Apesar deste estatuto e pedrigree na sua linhagem parental, Circe é como que alienada, vista como alguém inferior, sendo gozada e até mesmo ignorada. 
A aventura deste livro então é isso mesmo, seguindo Circe pela sua vida como divindade... conhecendo os seus medos, os seus amores, as suas traições e, principalmente, a descoberta do seu poder como feiticeira/bruxa.

Claro que, para quem tem um pouco de conhecimento de mitologia grega, reconhece as divindades mencionadas ou até mesmo certas viagens mas o que está verdadeiramente à espera deste livro, é da interacção pela qual Circe é efectivamente conhecida. Ela foi a feiticeira que transforma os homens de Odysseus em porcos e o toma como seu amante. Nesta história épica, Circe é vista como a feiticeira com um objectivo ou com uma faceta vilanesca. Mas a autora, Madeline Miller, coloca a personagem num prisma muito interessante. 
Pois Circe é uma personagem relativamente rara na mitologia clássica e nos seus retellings, de existir sem a autoridade masculina... e o que acontece nas viagens épicas a personagens femininas sem terem um marido ou um matrimónio afiliado, são logo objectificadas e vistas como um prémio ou catalogadas como vilãs. Portanto, não nos admira que ela tenha efectivamente os transformado em porcos, não é? 

A autora toma completo proveito disto e muito mais! Apesar de eu saber que é "apenas" um retelling escrito por uma pessoa com um extenso conhecimento da mitologia, contudo e porém, fez-me mesmo pensar na narrativa perdida de tantas divindades femininas. No que toca à Circe, sempre foi vista como a vilã na história clássica mas porque aos olhos dos homens, eles podem chegar e tomar aquilo que não é deles. Sentem que é do direito deles pois são homens, independentemente se estão a lidar com uma mulher mortal, uma ninfa ou uma deusa... se essa figura feminina se defende, a mesma é então retratada como uma vilã. Cada vez mais me debruço na procura de uma narrativa diferente, seja em livros ou seja da minha própria cabeça, como exemplifico no vídeo "O que se passa na tua cabeça?"

Relativamente à escrita, achei ligeiramente diferente do The Song of Achilles, ligeiramente mais poética. Ainda sim lindíssima mas lá para o final do livro já estava um bocado saturada dos floreados. Provavelmente estava mais cansada, não sei, LoL. Simplesmente achei que a narrativa estava tão interessante que não precisava de tanto floreado mas, por outro lado, percebo e torna também um livro mais rico assim.

O que torna o livro aliciante, mais uma vez, é a visão extensiva de um vilão, tornando-o num anti-herói mas para saberem mais sobre estas nuances podem sempre ouvir as discussões no "Geekices do Demo" com a Words à la Carte.

Em suma, o livro é muito bom em termos de narrativa, se calhar dei-lhe uma pontuação mais baixa que o The Song of Achilles porque, lá está, me cansei um pouco dos floreados e nunca me consegui ligar tanto a personagem como me liguei com o Patroclus por exemplo. Contudo, não consigo de ver o grande mérito da história a ser contada e principalmente pela sua perspectiva.

Aconselho vivamente se querem ler um retelling ou algo de uma personagem feminina da mitologia grega com uma perspectiva nova!

Já leram este livro ou outro da autora? Gostam de ler retellings de mitologia?

11 de agosto de 2021

It ends with us (opinião SEM & COM spoilers)

 


(Spoilers estão protegidos aquando visualizado em versão Web mas para conseguirem ver basta selecionarem o texto)

No ano passado, eu tinha pedido a vários super fãs da Colleen Hoover para me indicarem os melhores livros dela, vendo as recomendações escolhi três na altura. Este livro, no entanto, foi-me recomendado recentemente pela Momentos de Ataraxia e pelo Uma Leitura e Meia, eles não combinaram mas num espaço de um mês tinham-me recomendado o mesmo livro, dizendo: quero saber o que achas deste! Ora bem e como eu adoro sempre um desafio, tratei de arranjar o livro.

Relativamente à escrita, esta continua super acessível. Quanto à premissa temos um livro à volta da frase: "Sometimes the one who loves you is the one who hurts you the most." Por isso gostaria de colocar aqui o trigger warning/gatilho de relações abusivas.

Temos a nossa personagem principal a Lily, que se licenciou em Business e mudou pra Boston, que encontra Ryle logo no início do livro num telhado de um prédio na cidade. Em conversa descobre que ele é neurocirurgião, arrogante, ambicioso mas também sensível e brilhante... Como seria de esperar encontram-se mais uma vez e no meio disto tudo ele tem uma completa aversão a relações ou compromissos... Mas Ryle não é o único que tem problemas a resolver pois também Lily tem que curar umas feridas antigas.

Este livro para mim está dividido em dois. Na primeira parte, revirei tanto os olhos que acho que fiz todo um TAC cerebral. E porque é que revirei os olhos? A quantidade de clichés foi só incrível...
No início o meu primeiro pensamento foi que seria a típica cena de ele não quer uma relação ou não está preparado para uma mas ela investe demasiado na relação e portanto está todo um caldo entornado. Aliás toda a cena dele lhe implorar uma one night stand? Por...amor...à...santa... 
Nesta primeira parte somos também introduzidos então a outra timeline onde sabemos mais do passado da Lily e, na verdade, foi mesmo esta parte que me fez continuar a ler o livro pois estava a gostar bastante.
Mas quando mudamos para a perspectiva com o Ryle, em primeiro lugar, adorei o facto me ter mencionado que achou muito estranho o facto dele aparecer de scrubs na rua ou ir para casa assim, só que na America é mesmo assim. Não me perguntem porquê porque eu também não sei, LoL.
Contudo, com o Ryle teve um grande red flag, logo na cena de não querer uma relação mas não aceita totalmente a cena da Lily de não fazer sexo mas depois já diz que ela é uma droga, por isso já pode tentar uma relação, e logo a seguir já quer conhecer a mãe dela... isto tudo num muito curto espaço de tempo! Ah! E a cena de sexo a brincar aos médicos? Por amor da santa vezes mil, LoL. Além de que quando eu leio numa personagem que supostamente é cirurgiã, eu já assumo que algo vai acontecer às mãos.Este livro não me desiludiu, LoL.

Depois na segunda parte do livro, entramos então na parte mais pesada no livro, foi nesta parte que prendeu efectivamente a minha atenção. Adorei a componente do porquê de muitas mulheres não saírem de uma relação abusiva mas sim o facto de não questionarmos o porquê do homem ser abusivo, aliás parece-me que o livro foi mesmo escrito à volta desta premissa.
As cenas de violência doméstica estão muito bem retratadas e de facto quando leio o Epilogue compreendo o porquê. 

Contudo e porém, o meu diagnóstico para este livro é que de facto a parte do relacionamento abusivo está feito com cimento e tudo o resto no livro está com fita-cola. O livro podia ser um grande livro com este tema mas ficou um pouco aquém porque tudo o resto parece que foi só atirado para dentro da panela. Percebo, no entanto, talvez o porquê de estar assim... É que chegando efectivamente ao Epilogue, onde a autora nos refere que aquilo é baseado na vida dela e que não só a própria mãe dela passou por uma relação daquelas, como algumas das cenas de violência foram cenas que aconteceram com a mãe. 
Ou seja, muito provavelmente a autora queria era ver o livro pelas costas a certo ponto. Percebo mas tenho pena pois tem uma mensagem super poderosa, já com o título, de que o ciclo abusivo termina então ali. Termina com o nascimento da filha pois não quer que ela cresça num lar abusivo. Adorei também o facto de a autora ter colocado linhas de apoio no final do livro para isso mesmo...

Já leram este livro? Aconselham outro com esta premissa? Ou até mesmo outro da autora que eu ainda não tenha lido?

6 de agosto de 2021

Geekices do Demo: Comic Books - a evolução

 


Neste episódio falamos da origem das comics como as conhecemos hoje, porque convém começar pelo início, não é verdade? E isso implica, como em muitas coisas na vida, iniciar a mensagem como humor, para depois introduzirmos assuntos mais sérios e pesados. Preparem-se para toda uma viagem através desta combinação de texto e ilustrações, combinada com a experiência de cada um e claro, a Cultura e a História como pano de fundo e que nos dá toda uma perspectiva muito interessante destas narrativas em "quadradinhos". 

Não se esqueçam de seguir o instagram do Geekices do Demo: https://www.instagram.com/geekicesdodemo


30 de julho de 2021

Geekices do Demo: Comics - a história dos heróis, parte 2



Continuamos a nossa demanda dos Heróis! Desta vez falamos de contos de fadas, mais ou menos mágicos e mais ou menos cruéis. Relembramos, ainda, que ninguém se mete com a Disney, caso queria ter paz e sossego na vida, e como as suas princesas são, na verdade, um produto do seu tempo, temperado com imaginação e muita da nossa memória colectiva biológica.

Não se esqueçam de seguir o "Geekices do Demo" no Instagram para mais updates: https://www.instagram.com/geekicesdodemo/

28 de julho de 2021

We are queens and kings, all of us!


 

Eu sei que isto vai parecer muito aleatório mas num certo dia estava a trabalhar e a cuidar de uma paciente, ela vira-se para mim e diz: você tem uns olhos lindíssimos. Na verdade, eu estava de touca e máscara, por isso ela tinha pouco para ver e o facto dela estar com algumas drogas no sistema, são apenas pequenos detalhes, LoL.

A minha resposta automática foi: but they are boring brown (mas são castanho aborrecido ou comum). Desde então que tenho estado a pensar no que disse: aborrecido?! Porque é que olhos castanhos são aborrecidos? A paciente até me disse que era precisamente por serem desta cor, que são bonitos. Então porque raio eu disse que eram aborrecidos?

Podemos pensar que é pelo facto de eu ser mediterrânea, onde olhos castanhos são mais comuns? Mas isso não significa automaticamente que não são bonitos, certo? Vamos é falar do arquétipo da beleza, que nos é impingido todos os santos dias...

Como vivo no UK, consigo estar em contacto com as mais variadas nacionalidades e culturas... E saber, por exemplo, colegas da Nigéria, lindas, com uma pele invejável (as vezes que perguntei o regime skincare delas, foram mesmo muitas) dizerem-me que existe todo um negócio de milhões de... branqueamento de pele. Mulheres e homens da Nigéria compram produtos e colocam químicos para clarear a cor da sua pele. Gostava de dizer que era só na Nigéria mas colegas das Filipinas, Índia, Tailândia, entre outros, me contaram o mesmo. Isto porque a narrativa é que a pele branca é que é bonita.

Quando digo "narrativa", não digo em termos culturais destes países... é realmente a representação de beleza nos filmes, séries, revistas, publicidade, etc que nos assombra todos os dias. Obviamente que lentamente a representação do ideal de beleza está lentamente a mudar mas décadas de ideias pré-concebidas não desaparecem num par de anos.

É respostas como "but they are boring brown" que têm que desaparecer. Olhos castanhos são lindos, tal como olhos azuis, tal como olhos verdes, cabelo moreno, cabelo loiro, cabelo liso, cabelo encaracolado, etc. Não é apenas  a pele branca que é bonita, ou alguém que veste um tamanho pequeno... Beleza é algo tão vasto como diverso e se não o é, temos que o tornar!

Por isso, para a próxima tentarei mudar a minha resposta e irei dizer: muito obrigada, foi a minha mãe que me os deu.

Já vos aconteceu algo assim? Qual vai ser a tua próxima resposta?


23 de julho de 2021

Geekices do Demo: Comics - a história dos heróis, parte 1

 


Qual é mesmo o geek que não tem um pézinho (de Cinderella ou de Hulk) em Comics?! E nada mais lógico começar com aquilo que faz um super-herói.

Do humano 2.0 que era o melhor entre os seus pares, ao líder que vê a sua História contada através dos séculos, até porque nós não gostamos nada de Mitologias, nada... mesmo nadinha! Neste episódio conseguimos traçar a História dos Heróis aos longos dos tempos até à actualidade, que hoje usam cuecas por cima dos collants. 

Não se esqueçam de seguir o "Geekices do Demo" no Instagram para mais updates: https://www.instagram.com/geekicesdodemo/


21 de julho de 2021

The Whisperer (opinião SEM spoilers)

 



Para quem segue o Reino assiduamente, deve estar a pensar "Eita! A Soberana a ler um thriller? Deve estar doente!" LoL. Sim, não é meu costume ler este género de livros, não porque não goste mas porque normalmente consigo perceber o plot, então torna-se um pouco mais do mesmo. Contudo e porém, este livro chegou-me às mãos porque é uma das evangelizações da Sam_Livralma
Não há como esta comunidade para nos tirar da zona de conforto e encontrar livros fantásticos... Neste caso, este livro do autor Donato Carrisi foi mesmo uma leitura brutal! Eu acho que devorei este livro em duas assentadas, LoL.

Relativamente ao autor, é importante dizer que o senhor Carrisi estou direito e criminologia, ou seja, o seu livro está cheio de pormenores científicos, das técnicas forenses e das teorias de investigação. Vindo de uma pessoa de ciências, adorei cada descrição destes pormenores, para mim tornava mesmo a narrativa bem mais rica e assustadoramente credível. Além de que este é o seu primeiro livro!

A premissa do livro, sem dar spoilers claro, é sobre Mila, uma investigadora da polícia que se especializa em resgatar crianças raptadas, que é chamada para ajudar uma equipa (já estabelecida) de investigadores na procura de cinco raparigas. E o livro é precisamente sobre esta grande investigação com muitas voltas e reviravoltas!
Como já devem ter percebido, tem raptos, entre outros eventos, com crianças, por isso se isso for um trigger para vocês, aconselho a não lerem este livro pois nesse aspecto o autor não tem piedade e descreve mesmo tudo. 

Como mencionei o livro está cheio de voltas e reviravoltas, deixando o leitor na pontinha da cadeira a cada capítulo pois pensamos que sabemos o que vai acontecer mas o autor dá-nos um verdadeiro nó, tornando tudo credível com o seu conhecimento da natureza humana e ciência comportamental. Contudo, acho que a minha única crítica do livro é precisamente sobre psicologia. Não vou dar spoilers em dizer o que é mas é no fecho da resolução do caso, um dos fechos vá porque o autor não estava contente só com um, LoL. E esse fecho, ou conclusão, merecia um parágrafo no máximo sobre a psicologia do que é mencionado.

Por acaso, reparei depois de ler que algumas pessoas criticavam a tradução dos nomes pois em italiano (a língua materna do autor) os nomes eram diferentes e as pessoas assumiram que o livro se passava na Itália. Como o autor não menciona onde efectivamente é que o livro se passa, não foi algo que me perturbasse. Mas traduzir nomes? A sério? Isto é coisa de traduções de outras línguas para o inglês e eu não sei? 

Portanto, estão a ver, a minha crítica é a falta de um parágrafo, LoL. Fora isso o livro colou-me a cada página, a cada capítulo... ao ponto de estar a um terço do final e simplesmente não consegui largar! Ou seja, não descansei enquanto não o terminei. Além de que me deu imensas vibes de Criminal Minds, que eu adoro!

Em suma, aconselho vivamente para quem, como eu, que não lê muitos thrillers porque não consegue separar o trigo do joio. E aconselho a quem gosta efectivamente deste género e quer ler um thriller mais focado na investigação e na ciência comportamental.

16 de julho de 2021

Alerta! Projecto maléfico no ar!




Este ano, eu e a Words à la Carte, juntamos forças para criarmos um projecto sobre os mais variados temas geeks. E porquê Geekices do Demo? Ora bem, porque mulheres, a falar de coisas geeks... isso só pode ser coisa do demónio!

Sentimos que faltava uma perspectiva diferente no mundo das geekices e foi por isso mesmo que criámos este podcast. Tentando agradar ao geek veterano (que já sabe disto de trás para a frente mas gosta de ouvir uma perspectiva diferente), como ao geek iniciante (que quer aprender umas coisas novas ou saber mais do assunto)!

Por isso, adicionem o Geekices do Demo à vossa lista de podcasts para ouvirem todos os episódios e sigam a conta @geekicesdodemo para mais updates. 


Irei também partilhando os episódios aqui no blog, por isso basta visitarem a crónica "Embrace your Geekness"!


Já ouviram algum episódio? O que estão a achar?

30 de junho de 2021

The Song of Achilles (opinião SEM & COM spoilers)


 (Spoilers estão protegidos aquando visualizado em versão Web mas para conseguirem ver basta selecionarem o texto)

Já tinha este livro da Madeline Miller na minha estante à espera para ser lido há bastante tempo! Aliás, até tive uma situação engraçada porque ao ler os primeiros capítulos, estava um bocado confusa porque estava a ser extremamente familiar. Tive um momento pequeno de pânico a pensar: credo, será que eu leio assim tanta mitologia que já tudo me parece familiar?!
Só que não, LoL. O que aconteceu é que há um ano atrás peguei no livro para ler com Delicada como um Elefante mas acabamos por pousar o livro na altura pois não tínhamos disponibilidade para lermos juntas... até este ano!

Este livro é, como podem depreender pelo título, sobre mitologia grega, mais especificamente a guerra de Tróia e o mito de Achilles. Contudo, posso dizer que, muito honestamente, não é preciso conhecimento desta mitologia para apreciar este livro.
No entanto, a autora é especialista em adaptar os clássicos para uma audiência mais moderna e isso nota-se no livro, com certas explicações sobre personagens, lugares, contexto, vocabulário, entre outros. Adicionou foi toda um novo ângulo com um romance "proibido". 

A verdade é que para qualquer entusiasta de mitologia grega sabe das nuances de Achilles e Patroclus, por isso, o facto da autora ter escolhido isso, foi extremamente inteligente.

A verdade é que se formos bem a ver a história que está disponível foi-nos trazida e traduzida por (na sua maioria) homens...brancos... privilegiados... e muito provavelmente católicos. Não estou a dizer isto para dar uma de feminista. É das mais puras das verdades. Muito provavelmente perdemos muitos cultos de deusas ou histórias fora da narrativa católica ou opressora. Ainda hoje temos novos artigos a sair a dizer que afinal em certo texto clássico a narrativa ganha um novo significado pois X ou Y palavra foi mal traduzida. Pois há mais do que homens a estudar os clássicos e sem o mesmo background também.

O mesmo pode ter acontecido à história de Achilles e Patroclus, que tenho que dizer que está descrito lindamente, quem sabe se o mito original eles não eram mesmo um casal? Aliás o facto de a autora ter começado na infância de Patroclus fez com que o livro fosse um crescendo fantástico.

Achei mesmo que o romance foi descrito de forma bela, épica, apaixonada e respeitosa... Contudo, apesar de o livro ter tudo para dar certo, teve um entrave. Um péssimo timing da minha parte, pois o facto de ter lido o The Silence of the Girls antes deste livro, fez com que a narrativa da Madeline Miller ficasse estragada para mim. Porquê? Porque ambos os livros se passam na guerra de Tróia, ambos os livros têm Achilles, Patroclus, Agamemon, Briseis, Thetis... Mas mais especificamente na guerra, nunca mais consegui me desfazer da perspectiva feminina. 
Mesmo com um romance de nos encher o coração, não conseguia separar as narrativas das mulheres naquele campo a serem tratadas como gado, a serem violadas, escravizadas, entre muitas outras coisas. Por não me ter conseguido desligar do The Silence of the Girls, este livro ficou um bocado estragado para mim.

Contudo e porém, recomendo vivamente a sua leitura pois é uma visão lindíssima e maravilhosa do mito de Achilles, uma bela história de amor manchada pelo orgulho dos deuses e dos seus descendentes! Recomendo se quiserem ler algo com o tema de mitologia grega mas não têm muito conhecimento da mesma pois não acho que isso seja necessário para usufruir da mensagem deste livro. 

Já leram este livro ou algo da autora? Por acaso, leram algum livro com esta temática?