26 de março de 2021

Lysistrata (opinião SEM spoilers)

 


Em primeiro lugar, eu sei o que vocês estão a pensar "o que raio anda a nossa Soberana a ler?!" mas a verdade é que se vocês soubessem há quanto tempo eu andava à procura deste livro (neste caso peça)... Então quero-vos contar de como cheguei a ele. Em conversa com a Barbara Reviews Books sobre livros com mitologia grega (que tenho imensos na minha lista), ela diz: então tens mesmo que ler Lysistrata!
Quando fui pesquisar e vi sobre o que era, nem queria acreditar!

Então adicionei logo à lista, fui ver quanto é que custava e estando o ebook a uma pechincha, aproveitei logo para ler para o #lerosclássicos2021, um projecto da Bárbara Review Books para nos incentivar a tirar o pó aos clássicos. 

O livro inclui algumas ilustrações antigas e muito conhecidas para enriquecer a leitura. Obviamente estamos a ler uma peça de teatro de Aristophanes, na vertente da comédia, portanto o formato de texto é o esperado. Não sou grande fã deste formato mas mesmo assim diverti-me imenso a ler!
Outra coisa importante é de facto a tradução, só ao ler o livro é que me apercebi que se calhar devia ter sido mais crítica na escolha do tradutor mas quando fui pesquisar mostrou que a tradução da Sarah Ruden é bastante fiel. O porquê deste cuidado? Porque esta peça foi escrita e representada em 411 AC portanto o humor, trocadilhos de palavras ou referências políticas, é tudo da altura, ou seja, relativamente específico. Alguma da linguagem era um pouco mais complexa (aliás tive que usar o dicionário uma vez ou outra, coisa que já não usava há algum tempo, LoL então foi bom para desenferrujar o aparelho), então não aconselho a quem tem um nível de inglês baixo ler a peça em inglês, contudo após pesquisa, vi que existe traduções para português.

Ora bem, a peça é então durante a guerra entre Atenas e Esparta, que na altura da peça, já dura há duas décadas. Então, Lysistrata, uma mulher, decide acabar com a guerra, persuadindo as suas amigas a uma greve de... sexo. Sim, vocês leram bem. Esta peça é sobre como um grupo de mulheres trouxe paz à terra porque fizeram greve de sexo, LoL.
Só esta premissa vocês já estão a ver a galhofa que é. Houve mesmo momentos em que estava a rir feita tola ao ler certas passagens contudo como todas as comédias são mas críticas mascaradas de humor. Esta não é excepção. 

Esta peça durou mais de dois mil anos! E com certeza vai continuar a ser popular, alias é muito interessante como o autor, através de Lysistrata, revela a extensão de como as mulheres estão subvalorizadas na sociedade de Atenas e como os homens só ouvem as mulheres depois destas fazerem algo extremo. 
Depois da leitura, fiquei mesmo curiosa se por acaso existe algum retelling com esta peça, LoL. 

Muito obrigada, mais uma vez, Bárbara pela sugestão! E depois de mencionar num dos meus wrap-ups, a Words à la Carte, informou-me que esta peça foi proibida na Grécia porque tinha mensagem de anti-guerra, LoL. Sem saber participei no projecto dela de #readingbannedbooks.


O que acharam desta premissa? Tem potencial? Gostam de ler no formato de peça de teatro?


Audiobook: só ao fazer esta review é que me apercebi que existe esta peça em versão audio portanto vou colocar na lista pois deve ser hilariante!

19 de março de 2021

UK: 9 years

 


Estive de dia para dia para escrever algo para assinalar este dia já tão importante nas nossas vidas. Pois, como já disse várias vezes, qualquer pessoa que emigra, passa a ter mais um aniversário, mais uma data importante e aguardada com carinho. 

Faz agora em Março, 9 anos que deixamos Portugal em busca de algo melhor a nível profissional. É neste mês que recordo o que sentia há 9 anos, a mistura de emoções, entre a saudade do que deixamos para trás e dos momentos que perdemos quando não estamos perto mas também a aventura de nos lançarmos para o desconhecido. Foi neste mês em que meti Portugal num par de malas, me despedi não só da família e amigos mas também de mim própria pois eu tinha a plena a certeza que depois dessa viagem, eu nunca mais seria a mesma.

Contudo e porém, porque é que estava a adiar escrever este post? Perguntam vocês e muito bem... Porque apesar de estar a fazer chover no molhado, o ano passado não foi muito gentil comigo e este ano está a ir pelo mesmo caminho. O cansaço é muito, a saudade acumula mas ao mesmo tempo agradeço todos os dias o ar que me passa pelo pulmões e o facto da minha família estar segura.

Então, apesar deste ano a celebração ser bem mais comedida, não vai passar em branco!


12 de março de 2021

Hades, que (coitadinho) nunca fez mal a ninguém

 



Como deus da morte e do Underworld, Hades sofre, um bocado, de má reputação, aliás, nos dias de hoje, ele é considerado o “vilão cristão”, mas não é bem assim… Para começar, não foi ele que escolheu o Underworld como o seu reino. E, como soberano desse reino (see what I did there?), ele até nem é mauzinho. 
 
Quando Orpheus foi ao Underworld para recuperar a sua noiva, Hades ficou tão comovido com as suas súplicas, que a deixou ir (com a condição de que ele fosse embora e não olhasse para trás mas, claro, olhou e Hades não deixou a noiva ir… em vez de “a curiosidade matou o gato”, devia ser: a curiosidade lixou o Orpheu, LoL). Além de que foi bastante justo com Hércules, enquanto este estava a fazer os 12 trabalhos. 

É importante anotar que Hades não é o responsável com o destino da nossa alma, pois quando se morria o julgamento era feito por Minos, Aiakos e Rhadamanthys. O pobre do Hades nem sequer está envolvido na cena… Na verdade, não há registo por parte dos autores na altura, de que Hades tivesse tentado assumir o controlo de Olympus. Aliás, ele foi um dos que chegou a ajudar na guerra contra os Titãs.

Então, como é possível Hades ter uma reputação tão vincada de vilão?
Bem, acho que está relacionado com o facto de que, com a introdução da religião católica, Hades foi cada vez mais associado com Satanás. Só que ambas as figuras não estão de todo relacionadas, e se formos bem a ver, esse preconceito pode levar a uma frequente má interpretação dos mitos.
 
Claro que se pode olhar pelo lado mais filosófico, e dizer que se pode culpar Hades pelo término da vida mortal, mas, na verdade, ele está apenas a acolher as nossas almas. Ou seja, temos que ter muito cuidado com o nosso preconceito, especialmente quando não sabemos a história completa… 
 

P.S. - tinha que colocar uma imagem do Hades de Lore Olympus porque convenhamos... ele é o nosso cinnamon roll de tão fofo que é!

Nota: muito obrigada Sam_Livralma pela revisão do texto.

10 de março de 2021

Heroes: Mortals and Monsters, Quests and Adventures (opinião SEM spoilers)

 



Depois da leitura de Mythos do autor Stephen Fry, é que nem pensei duas vezes comprar logo este livro e mais uma vez acabei por complementar com o audiobook pois é também narrado por ele. E acho que vai ser difícil dizer muito mais do que disse na review do primeiro livro pois esta é uma continuação natural do que foi contado pelo sr. Fry mas mais direcionado a alguns heróis da mitologia. 

A linguagem do autor e a forma como reconta os mitos, mais uma vez, torna este livro também ele aceitável para muita gente, sem que se torne enfadonho ou demasiado académico, com aquele sentido de humor tão próprio. Apesar de ele citar alguns autores de renome relativamente a mitologia grega e aos clássicos, mostrando assim uma extensa pesquisa e trabalho minucioso. 

Antes de ler este livro, decidi reler Mythos também, isto porque nos próximos meses irei ler vários retellings (recontos) ou livros com elementos de mitologia grega, então queria assim tudo um pouco mais fresquinho. Foi então precisamente na releitura do primeiro livro e na leitura de Heroes, que me apercebi de uma componente que adoro: história ou origens de linguística. Isto porque há muita coisa que foi usada da mitologia grega ou dos clássicos na nossa linguagem ou até nomenclatura científica. 
No segundo livro tem menos menções da parte linguística, o que é natural pois já tivemos todo esse background no Mythos, contudo foi só com o Heroes que me apercebi disto. 

Neste livro, o Stephen Fry, dá especial destaque a 8 heróis. com as histórias de: Perseus, Herakles (Hércules), Theseus, Odysseus, Jason com os Argonautas, Oedipus e Atalanta. É especialmente desta última que me deixou surpresa com o livro pois não é a culpa do sr. Fry não haver muitos mitos com mulheres em destaque como heroínas mas notou-se no autor o cuidado para haver alguma representação.

Portanto se querem refrescar os mitos de vários heróis ou simplesmente não se querem desfazer da mitologia grega nem do sr. Fry depois de terem lido Mythos, aconselho vivamente lerem ou ouvirem este livro!

O que acham deste tipo de livros? Desta mitologia, qual é o vosso herói favorito?


Review em vídeo: não se esqueçam de visitar o Instagram do Reino para verem o vídeo sobre este livro.

Audiobook: mais uma vez aconselho vivamente, além de ser narrado pelo próprio autor, ele adiciona um factor fantástico aos diálogos, por exemplo.