23 de janeiro de 2021

Livros Físicos vs. E-books: o duelo de titãs

 


Não, este post não vai ser apenas mais uma conversa para saber se preferem livros físicos ou e-books, na verdade, este post é para criar debate sobre a pegada ecológica dos livros. Acabou por ser talvez um pouco académico e um pouco extenso mas escrevi de maneira a seguirem o meu raciocínio por isso espero que achem, no mínimo, interessante.

Podemos pensar que os livros físicos não são muito bons para o ambiente, quando por ano são lançados milhões de livros, apenas considerando o uso extensivo de papel. Contudo, mesmo usando o argumento de que podem usar papel reciclado, temos que ter em consideração as toneladas de emissões de CO2 (dióxido de carbono) no processo.

Quanto aos e-books, supondo a que a pessoa possui um e-reader (ex: Kindle, Kobo, Nook…), podemos pensar que a pegada ecológica deste formato será menor. Contudo, temos na mesma que ter em consideração as emissões e materiais de produção para os tais e-readers. Em 2009 foi feito um estudo sobre esta mesma questão, tendo em consideração que um livro físico, comprado na livraria ou online, acaba na mesma, além do papel e emissões na sua produção, por utilizar também, com o seu transporte, combustíveis fósseis. Incluindo também aqueles que não são vendidos que fazem a viagem de regresso às editoras, que ou reciclam esses mesmos livros ou acabam na incineração.

Porém, os e-books só terão na verdade algum impacto positivo no ambiente se as editoras reduzirem os números de livros físicos produzidos. Gostaria de deixar uma “curiosidade” partilhada tanto pela A Outra Mafalda como a The Daily Miacis, que papel reciclado para ser branqueado leva lixívia e químicos tóxicos que depois têm que ir para algum lado, não é? Ou seja, mesmo papel reciclado tem um grande impacto ambiental. A economia verde tem ainda muito que se lhe diga, pelas técnicas de marketing de preocupação ambiental mas isso é todo um outro assunto.

Relativamente a números, o estudo revelou que 3 e-books por mês por 4 anos (144 livros no total se quiserem uma matemática assim rapidinha) produziu 168 Kg de CO2 considerando o e-reader em si também, enquanto que o mesmo número de livros mas em formato físico produziu 1074Kg de CO2.

Vendo assim só com estes números, a diferença é de facto astronómica e a situação bem clara. Só que temos que ter de facto em consideração que componentes electrónicos são notórios por conterem alguns materiais tóxicos nos seus circuitos. Porém, mais e mais produtores de electrónicos estão a tentar combater isto e até em 2009, a Sony revelava que o seu e-reader não tinha qualquer tipo de materiais tóxicos. Mesmo não tendo, temos então em consideração o impacto da sua produção por si só.

A grande diferença é que depois o impacto dos e-books é quase zero para o ambiente, além de que o aparelho em si dura imenso tempo (em tom pessoal, o meu Kindle tem quase 8 anos e está aqui para as curvas). Analistas independentes colocaram como total da produção de CO2 de um Kindle de 168Kg, ou seja, após a leitura do 23º livro, o Kindle fica a ganhar no que toca à pegada ecológica, comparativamente ao mesmo número de livros mas em formato físico.

Outro ponto que temos que ter em consideração, que não era o caso em 2009. É prática comum qualquer pessoa ter um smartphone e muita gente tem tablets, juntamente com as aplicações do género da Amazon Kindle ou Apple iBooks, uma pessoa pode efectivamente ler num smart device que não é utilizado somente para ler livros como os e-readers.

Em 2013 a Amazon revelou que para cada 100 livros físicos, 114 e-books foram vendidos (ambos no site), mostrando de facto que lentamente estamos a caminhar de leitura impressa para leitura digital. Calma! Não atirem já pedras! Não estou a dizer que tão cedo os livros físicos vão ficar obsoletos ou desaparecer por completo mas a verdade é que com estes estudos vê-mos que para no mercado editorial haver um impacto significativo no ambiente, convém alterarmos um pouco os nossos hábitos de leitura.

Em específico para o mercado editorial português seria uma benesse pois maioritariamente fãs de fantasia vêem colecções a ficarem a meio ou apenas o primeiro livro a ser editado, pois a sua produção provavelmente não justifica os gastos… isto seria talvez colmatado se houvesse um mercado electrónico mais presente em Portugal pois os custos da sua produção caiam drasticamente.

Com este post, eu não estou aqui a dizer-vos como devem tratar das vossas leituras mas ainda vejo por alguma razão, ainda um pouco de preconceito relativamente a e-readers em Portugal. E que na verdade seriam talvez uma solução não só a nível ambiental mas também talvez para o mercado editorial.

Cada vez mais há uma maior consciência para diminuirmos o nosso impacto para este nosso planeta fantástico, que pode passar por imensas coisas desde pequenas mudanças alimentares a reciclar ao máximo o nosso lixo doméstico.

Contudo e porém, ajudar o ambiente ou diminuir a nossa pegada ecológica não passa apenas por comprar um e-reader ou ler e-books (até porque não tenho comissão para tal coisa… seria bom mas não tenho, LoL), outras formas de ajudar seria dar cada vez mais uso às bibliotecas municipais ou até mesmo na compra de livros em segunda mão que poderiam ir para o lixo ou para a incineração.

Por isso, depois disto tudo, qual consideram ser a melhor forma de combater o desperdício de recursos, especificamente, na literatura ou mercado editorial?

 

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Penso que é uma questão de hábito e/ou de leitura. Eu, por exemplo, gosto mais de ler em livro físico. Existirá quem tenha um gosto contrário.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Feliz fim de semana
Cuide-se.

Pimenta Mais Doce disse...

Adorei o livro e não conhecia! <3

www.pimentamaisdoce.blogspot.com

Graça Pires disse...

Só gosto de livros físicos...
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.