Sim, o tema já foi falado e debatido... Porém, agora que realmente faço parte desta facção, gostaria de explicar certas e determinadas coisas. Ah! E peço-vos desculpa mas vou falar como se estivesse neste momento no UK, porque senão é uma confusão na minha cabeça, LoL.
Todos nós já sabemos que na década de 60, houve uma vaga enorme de emigração, que ainda hoje se faz sentir em todos os Agostos e festas da terrinha. Porém, antigamente eram pessoas que apesar de desesperadas, não tinham qualquer formação e foram à descoberta, sendo completamente diferente agora, se bem que a única coisa em comum é o desespero... Neste momento, 90% das pessoas que emigram são licenciadas, que não conseguindo arranjar emprego em Portugal (sem ser através de cunhas e tachos, ou então em condições precárias ou a ganhar migalhas) vão para o estrangeiro em procura de oportunidades. O mesmo se passou comigo, se bem que eu nem sequer tentei arranjar emprego em Portugal, se me deixou triste e chateada com o meu próprio país? Deixou, sim. Mas eu não iria ficar amuada em casa!
Por isso de malas aviadas lá vim eu para terras de sua majestade... Agora que já estou no UK há uns mesitos (como o tempo passa depressa), após conhecer o pessoal que veio comigo e pessoal que já cá estava há mais tempo que eu, estou segura de que se pode dividir o pessoal emigrante em dois grupos: o grupo que veio viver e o grupo que veio sobreviver. Parece-vos estranho? Mas é que é tal e qual... Aliás, normalmente estes dois grupos não se misturam pois os temas de conversa são completamente diferentes e o modo de viver então nem se fala.
O pessoal que veio para viver, arranja uma casa com o mínimo de pessoas possível (que é para não haver chatices), preenche a casa com conforto (que vai desde um sofá e uma televisão a roupa lavada todas as semanas), passeia (para conhecer novos sítios, novas pessoas, novas culturas...) e sai à noite para desanuviar depois de uma longa semana de trabalho. Como já devem imaginar, pessoal que veio para sobreviver não faz nada disto... Até porque normalmente os que "sobrevivem", são aqueles que ao fim de 2/3 anos querem voltar para Portugal, tendo a tal experiência que todos os anúncios de emprego em Portugal pedem e não oferecem.
Acho completamente normal que tentem ser um pouco "mão de vaca" ou poupadinhos mas uma coisa que não gosto, que é a razão pela qual os dois grupos não se dão na maior parte das vezes, é que me impinjam a sua maneira de (sobre)viver e que a minha ideia é que está errada. Olha mas que porra! Eu não vim para ficar uns meros meses, aliás se tudo correr bem, irei receber a minha reforma aqui! Então porque não comprar as coisas ao meu gosto e de qualidade, para ter o mínimo de conforto? Para ser feliz na MINHA casa? Nunca gostei de pessoal que gosta de gerir a vida dos outros... E este é o problema desta divisão de grupos, o grupo que "vive" percebe/entende o grupo que "sobrevive" mas o contrário não se verifica pois o segundo grupo não consegue ver ou entender que alguém venha para aqui para ficar.
Outra coisa que não me parece que vá fazer enquanto "emigrante" (ai, como esta palavra me arranha aos ouvidos) é usar branco, usar a camisola da selecção, o fiozinho de ouro por cima e ir às festas da terrinha em Agosto. Primeiro, eu não gosto muito de usar branco. Segundo, camisola da selecção só em jogos, aliás só o cachecol porque nem a camisola tenho. Terceiro, fiozinho de ouro, LoL. Por fim, duvido muito que vá à Bila em Agosto porque se eu não aguentava o verão lá, vou para lá feita tola no pico do verão? Nunca me dei muito bem com o calor, principalmente com o calor da Bila que faz 45 graus à sombra, sem brisa e sem um rio/uma piscina decente para se ir refrescar... Por isso é que acho que sou uma emigrante assim para o ortodoxa, LoL.