Sim, é lindo estar grávida, mas como tudo na vida nem tudo são flores. Gostaria de deixar aqui bem claro que aquela obrigatoriedade social de nos sentirmos constantemente “iluminadas” pela gravidez é uma completa estupidez! Há muita coisa que simplesmente não estamos preparadas quando engravidamos… Não estou a falar dos enjoos, ou da fome, ou da falta de posição para dormir, ou da azia, ou das dores, ou das pernas inchadas, etc. Não estou a falar da aventura que é gerar uma vida, o quanto o teu corpo, a tua mente e o teu coração vão passar mas sim de todos os conselhos indesejados e das críticas sociais.
A partir do momento em que dizes que estás grávida serás inundada de pessoas que “querem ajudar”. Algumas é com bom coração porém não fazem ideia do que estão a falar… Como por exemplo:
“Ai tens enjoos? Se ficares em jejum isso passa logo!”
(errado, pequenas refeições e mais frequentes ajudam com os enjoos)
“Não deves fazer exercício físico durante a gravidez!”
(errado, uma grávida pode e deve manter-se activa, só tem que evitar certos exercícios)
“Tens que comer mais! Estás grávida tens que comer por dois!”
(errado, uma grávida só precisa de 300 calorias extra)
“Não podes usar colares senão o bebé vai nascer com problemas de pele.”
(eu nem sei onde foram buscar esta)
“Com tanta azia o teu bebé vai ser cabeludo.”
(o facto de ter um bebé sentado no meu estômago não tem nadinha haver com o assunto)
“Não podes pintar o cabelo enquanto estás grávida!”
(vou-vos contar o segredo de produtos sem amónia que podem ser usados por grávidas)
"Não podes beber café! Não podes comer queijo! Não podes comer atum! Não podes comer marisco!"
(tudo que é de comer e beber decidi juntar tudo no mesmo porque são mesmo muitas; sim, podes beber café, podes comer queijo até cair desde que seja pasteurizado, podes comer atum com moderação e o mesmo com o marisco)
"Vais ter que sofrer.. Não podes tomar medicação!"
(tudo que é de comer e beber decidi juntar tudo no mesmo porque são mesmo muitas; sim, podes beber café, podes comer queijo até cair desde que seja pasteurizado, podes comer atum com moderação e o mesmo com o marisco)
"Vais ter que sofrer.. Não podes tomar medicação!"
(eu percebo a geração dos nossos pais ou dos nossos avós dizerem isso, agora a nossa geração? Em pleno século XXI existe tanta informação e tanta disponibilidade de medicação que é segura para uma mulher grávida que não se justifica estarmos a sofrer desnecessariamente)
Eu podia estar aqui o dia todo a escrever as coisas que as pessoas me têm dito até agora mas a verdade é que pode ser qualquer coisa, mesmo qualquer coisa, o que não me importava pois aproveitava e desmistificar muita coisa. Aliás sou Orgulhosamente Enfermeira e é do meu trabalho fazer educação para a saúde… Contudo, o que cansa (mais psicologicamente do que fisicamente) e o que magoa é quando adicionam “estás a fazer mal ao bebé” ou “tens que pensar no bebé”. Não, meus caros, não tive um caso de amnésia e me esqueci que estou grávida… e se não sabem, eu digo-vos este tipo de frases é o que provoca ansiedade desnecessária a uma grávida e consequentemente ao bebé, já para não falar de que vai reduzindo a auto-confiança da grávida como mãe: “Se não consigo cuidar do meu bebé enquanto grávida como o vou fazer quando nascer?”
Se querem dizer algo, pensem duas vezes se sabem do que estão a falar, ou se não sabem o que dizer, em vez de dizerem parvoíces digam como ela está linda ou que vai ser uma excelente mãe. Acreditem que só ao dizerem isto, vão melhorar o dia dessa grávida assim pelos 1000%.
Voltando àquela “obrigatoriedade”, que mencionei no início, eu sei que parece cliché mas é a mais pura das verdades: cada gravidez é diferente. Aliás, a mesma mulher pode ter duas gravidezes completamente diferentes… Infelizmente, o que resultou para ti enquanto grávida pode não resultar para outra mulher. Acho que todas as grávidas iam adorar que houvesse um manual contudo há assuntos em que só passamos a dominar quando passamos pelas situações, não basta ler ou ouvir o que os outros dizem.
Vamos então falar do outro lado da moeda, a falta de civismo ou até de compaixão, eu sou a primeira dizer que a gravidez não é doença mas como todas as grávidas sabem há desconfortos que só mesmo uma mulher que tenha passado por uma gravidez compreende, e há até muitas que não compreendem pois os mesmo desconfortos não batem à porta de todas as mulheres grávidas.
Se acham os espaços prioritários (lugares no autocarro ou comboio, filas no supermercado, lugares de estacionamento, etc.) desnecessários ou supérfluos, imaginem no final de um dia de trabalho ter que ir fazer compras é cansativo, agora imaginem como grávida, a sentir o peso da barriga, as pernas a inchar a cada segundo, mais o cansaço do nosso corpo estar a trabalhar por dois e ainda sentir o bebé a "reclamar" porque tem fome e precisa que a mãe pare um bocado e descanse. Sim gravidez não é doença mas é uma mudança radical na rotina da mulher, até mesmo do casal!
Numa altura em que se fala tanto em bullying esquecem-se das crianças que ainda não nasceram em que as vitimas são as suas mães...
Nota: eu sei que ao escrever este texto que vou "abrir a caixa da Pandora" e com certeza vou receber opiniões desnecessárias (vocês sabem ao que me refiro) mas se por cada um comentário escusado, tiver uma mulher (grávida ou não) a pensar "eu pensava que era a única" ou "quando engravidar vou criar uma pele grossa para passar isto tudo", já só isso me deixa feliz!
Se acham os espaços prioritários (lugares no autocarro ou comboio, filas no supermercado, lugares de estacionamento, etc.) desnecessários ou supérfluos, imaginem no final de um dia de trabalho ter que ir fazer compras é cansativo, agora imaginem como grávida, a sentir o peso da barriga, as pernas a inchar a cada segundo, mais o cansaço do nosso corpo estar a trabalhar por dois e ainda sentir o bebé a "reclamar" porque tem fome e precisa que a mãe pare um bocado e descanse. Sim gravidez não é doença mas é uma mudança radical na rotina da mulher, até mesmo do casal!
Numa altura em que se fala tanto em bullying esquecem-se das crianças que ainda não nasceram em que as vitimas são as suas mães...
Nota: eu sei que ao escrever este texto que vou "abrir a caixa da Pandora" e com certeza vou receber opiniões desnecessárias (vocês sabem ao que me refiro) mas se por cada um comentário escusado, tiver uma mulher (grávida ou não) a pensar "eu pensava que era a única" ou "quando engravidar vou criar uma pele grossa para passar isto tudo", já só isso me deixa feliz!