Eu tive que pensar mesmo muito sobre este post e por isso demorei tanto tempo a escrevê-lo… Principalmente pois demorei um bocado a saber transpor certos sentimentos e certas coisas. Peço desculpa se estiver um pouco confuso mas aqui vai!
Em primeiro lugar, é preciso falar da ideia que os media passam do que é “ser-se mãe”. Desde pequenas que aprendemos que devemos ser mães maravilhosas, cuidadosas, apaixonadas e que o instinto materno irá nos atingir que nem um raio, a partir do momento em que sabemos que estamos a criar um bebé dentro de nós… isto tudo parece maravilhoso mas nem sempre (ou quase nunca) isto acontece de modo instintivo e inato para a mulher.
A verdade é que a maternidade atinge-nos como o mar. Começa primeiro por levar tudo à frente, como uma onda, quase sem termos tempo de perceber o que raio se está a passar... E depois lentamente o ser-se Mãe vai crescendo e aumentando como a maré.
Não importando de todo quais as expectativas que tínhamos pois a realidade é sempre diferente.
Não que tivesse uma imagem muito romântica da maternidade, não que não quisesse ser mãe… eu queria e muito! Nas primeiras semanas não foi assim tão mau, apesar de acordar várias vezes para dar de mamar, o moço devia estar ainda atordoado por isso era bastante sossegadito.
Olhando para trás, devia ter aproveitado para descansar ao máximo mas não, a ideia de “eu tenho um filho e vou conseguir fazer tudo” estava presente em mim. Só que esquecia-me que tinha estado quase 48h sem dormir e o meu corpo nem sequer tinha recuperado do parto! Lá andava eu a limpar a casa, passar roupa... Maluquinha de todo, eu sei.
Depois das primeiras semanas de atordoamento, o moço revelou-se: as cólicas, as lutas contra o sono, o choro desesperante... Tal como já tinha dito nesse post, foi uma temporada do inferno, com a nossa inexperiência a ajudar mas como tudo, lentamente foi passando.
O que não foi passando foram os pensamentos que iam rolando na minha cabeça, tipo mantras: tu não sabes o que estás a fazer; não estás preparada para ser mãe; és uma péssima mãe; só tu no universo não tens instinto maternal; entre outros. Dava comigo a chorar compulsivamente com o Príncipe nos braços. Se eu queria falar com ele? Choro. Se eu quisesse brincar com ele, choro. Se eu queria fazer festinhas… choro.
Já tinha mencionado os baby blues mas ainda não tinha conseguido descrever como deve ser. É-me mesmo muito difícil colocar em palavras… primeiro pois pensava que as pessoas iam ter a ideia de mim como péssima mãe: "mas que raio de mulher não fica feliz com o seu bebé nos braços?" (sim, esta era uma das habituais na minha cabeça na altura). Agora? Agora vejo que é completamente normal, maior parte passa por isso, contudo, simplesmente parece ser um grande tabu.
O problema é esse mesmo, há a noção, criada pela sociedade, de que deveria ser o momento repleto de rosas e passarinhos a voar... Quando, na verdade é normal haver momentos tanto de felicidade plena, como de tristeza, irritabilidade, choro (muito) fácil, cansaço constante, desinteresse por si própria e até mesmo do bebé.
Eu na altura que estudei Obstetrícia, já se dizia que os baby blues ocorrem em 85% das mulheres. Bem mais de metade! E olhem que ainda não vejo isso a ser falado na sociedade… pois quando acontecem de forma mais grave e duradoura, pode levar a depressão pós-parto que é um outro assunto muito sério.
Eu podia explicar-vos as alterações que são os factores implicados dos baby blues e depressão pós parto: uma queda abrupta de hormonas, às vezes a falta de suporte familiar ou dificuldades económicas e ainda historial pessoal ou familiar de depressão. Podia explicar cada um deles… mas a verdade é que nenhum deles, verdadeiramente, explica como uma mulher se sente durante esta primeira fase de ter um bebé.
É normal que muitas vezes as mães sejam inundadas com as perguntas “será que isto é normal?” ou ainda “será que estou a fazer alguma coisa mal?”, já para não falar daquele sentimento de culpa tão omnipresente na vida de uma mãe. Tal como já tinha mencionado antes, são mantras que estão constantemente a passar na nossa cabeça em repeat, deixando-nos numa ansiedade estratosférica… Leva a uma tristeza profunda e a crises de choro.
Eu que nunca fui muito de chorar, nesses primeiros meses, chorei tanto mas tanto, que pensei que não ia conseguir parar! Parece exagerado contudo era assim que me sentia. E depois não era só o facto de chorar mas sim as crises de choro angustiante, em que sentia um aperto tão grande que tinha dificuldade em respirar.
Eu já tinha passado por uma depressão e ter passado pelos baby blues, marcou-me bem mais! É difícil de explicar mas estando depressiva, parece que o nosso cérebro e o nosso corpo estão dormentes. Não queremos sentir nada e fazemos por isso... estamos dentro de uma caixa fechadinha dentro da nossa cabeça em posição fetal e dali não queremos sair.
Porém, com os baby blues é um bocadinho diferente. O nosso cérebro não está dormente, estamos a processar imensa informação e a tentar assimilar tudo, a tentar funcionar com apenas algumas horas de descanso, a cuidar de um ser que precisa de nós para tudo... O nosso corpo está zangado connosco, passou por muito e precisa do tal descanso que teimamos em não dar.
Então isto resulta a que nós dentro da nossa cabeça estejamos a bater contra as grades de uma jaula, a gritar em plenos pulmões que queremos cuidar do nosso bebé e dar-lhe todo o carinho do mundo mas a porcaria das barras continuam lá.
A jaula são as nossas hormonas, que não deixam o nosso corpo corresponder ao que queremos fazer, alimentando o nosso cérebro com ainda mais dúvidas. Tem assim um efeito de síndrome locked-in (onde os movimentos do corpo inteiro são paralisados com a excepção dos olhos mas continuando as faculdades mentais completamente funcionais), nós a ver a situação como que a ver um filme e a não poder fazer nada sobre o assunto senão esperar que a jaula decida enfraquecer e nos deixar sair.
Em primeiro lugar, é preciso falar da ideia que os media passam do que é “ser-se mãe”. Desde pequenas que aprendemos que devemos ser mães maravilhosas, cuidadosas, apaixonadas e que o instinto materno irá nos atingir que nem um raio, a partir do momento em que sabemos que estamos a criar um bebé dentro de nós… isto tudo parece maravilhoso mas nem sempre (ou quase nunca) isto acontece de modo instintivo e inato para a mulher.
A verdade é que a maternidade atinge-nos como o mar. Começa primeiro por levar tudo à frente, como uma onda, quase sem termos tempo de perceber o que raio se está a passar... E depois lentamente o ser-se Mãe vai crescendo e aumentando como a maré.
Não importando de todo quais as expectativas que tínhamos pois a realidade é sempre diferente.
Não que tivesse uma imagem muito romântica da maternidade, não que não quisesse ser mãe… eu queria e muito! Nas primeiras semanas não foi assim tão mau, apesar de acordar várias vezes para dar de mamar, o moço devia estar ainda atordoado por isso era bastante sossegadito.
Olhando para trás, devia ter aproveitado para descansar ao máximo mas não, a ideia de “eu tenho um filho e vou conseguir fazer tudo” estava presente em mim. Só que esquecia-me que tinha estado quase 48h sem dormir e o meu corpo nem sequer tinha recuperado do parto! Lá andava eu a limpar a casa, passar roupa... Maluquinha de todo, eu sei.
Depois das primeiras semanas de atordoamento, o moço revelou-se: as cólicas, as lutas contra o sono, o choro desesperante... Tal como já tinha dito nesse post, foi uma temporada do inferno, com a nossa inexperiência a ajudar mas como tudo, lentamente foi passando.
O que não foi passando foram os pensamentos que iam rolando na minha cabeça, tipo mantras: tu não sabes o que estás a fazer; não estás preparada para ser mãe; és uma péssima mãe; só tu no universo não tens instinto maternal; entre outros. Dava comigo a chorar compulsivamente com o Príncipe nos braços. Se eu queria falar com ele? Choro. Se eu quisesse brincar com ele, choro. Se eu queria fazer festinhas… choro.
Já tinha mencionado os baby blues mas ainda não tinha conseguido descrever como deve ser. É-me mesmo muito difícil colocar em palavras… primeiro pois pensava que as pessoas iam ter a ideia de mim como péssima mãe: "mas que raio de mulher não fica feliz com o seu bebé nos braços?" (sim, esta era uma das habituais na minha cabeça na altura). Agora? Agora vejo que é completamente normal, maior parte passa por isso, contudo, simplesmente parece ser um grande tabu.
O problema é esse mesmo, há a noção, criada pela sociedade, de que deveria ser o momento repleto de rosas e passarinhos a voar... Quando, na verdade é normal haver momentos tanto de felicidade plena, como de tristeza, irritabilidade, choro (muito) fácil, cansaço constante, desinteresse por si própria e até mesmo do bebé.
Eu na altura que estudei Obstetrícia, já se dizia que os baby blues ocorrem em 85% das mulheres. Bem mais de metade! E olhem que ainda não vejo isso a ser falado na sociedade… pois quando acontecem de forma mais grave e duradoura, pode levar a depressão pós-parto que é um outro assunto muito sério.
Eu podia explicar-vos as alterações que são os factores implicados dos baby blues e depressão pós parto: uma queda abrupta de hormonas, às vezes a falta de suporte familiar ou dificuldades económicas e ainda historial pessoal ou familiar de depressão. Podia explicar cada um deles… mas a verdade é que nenhum deles, verdadeiramente, explica como uma mulher se sente durante esta primeira fase de ter um bebé.
É normal que muitas vezes as mães sejam inundadas com as perguntas “será que isto é normal?” ou ainda “será que estou a fazer alguma coisa mal?”, já para não falar daquele sentimento de culpa tão omnipresente na vida de uma mãe. Tal como já tinha mencionado antes, são mantras que estão constantemente a passar na nossa cabeça em repeat, deixando-nos numa ansiedade estratosférica… Leva a uma tristeza profunda e a crises de choro.
Eu que nunca fui muito de chorar, nesses primeiros meses, chorei tanto mas tanto, que pensei que não ia conseguir parar! Parece exagerado contudo era assim que me sentia. E depois não era só o facto de chorar mas sim as crises de choro angustiante, em que sentia um aperto tão grande que tinha dificuldade em respirar.
Eu já tinha passado por uma depressão e ter passado pelos baby blues, marcou-me bem mais! É difícil de explicar mas estando depressiva, parece que o nosso cérebro e o nosso corpo estão dormentes. Não queremos sentir nada e fazemos por isso... estamos dentro de uma caixa fechadinha dentro da nossa cabeça em posição fetal e dali não queremos sair.
Porém, com os baby blues é um bocadinho diferente. O nosso cérebro não está dormente, estamos a processar imensa informação e a tentar assimilar tudo, a tentar funcionar com apenas algumas horas de descanso, a cuidar de um ser que precisa de nós para tudo... O nosso corpo está zangado connosco, passou por muito e precisa do tal descanso que teimamos em não dar.
Então isto resulta a que nós dentro da nossa cabeça estejamos a bater contra as grades de uma jaula, a gritar em plenos pulmões que queremos cuidar do nosso bebé e dar-lhe todo o carinho do mundo mas a porcaria das barras continuam lá.
A jaula são as nossas hormonas, que não deixam o nosso corpo corresponder ao que queremos fazer, alimentando o nosso cérebro com ainda mais dúvidas. Tem assim um efeito de síndrome locked-in (onde os movimentos do corpo inteiro são paralisados com a excepção dos olhos mas continuando as faculdades mentais completamente funcionais), nós a ver a situação como que a ver um filme e a não poder fazer nada sobre o assunto senão esperar que a jaula decida enfraquecer e nos deixar sair.
Demorei quase 2 meses a voltar-me a sentir-me "normal", a conseguir falar, brincar, fazer carinhos ao meu Príncipe sem começar uma crise de choro. Se um par de meses é normal para "sair" daquela situação? Não sei... mas apenas um dia com baby blues já é longo o suficiente!
Por isso a qualquer futura ou nova mãe ou mesmo às mais experientes ou até para vocês partilharem, eu quero deixar uns conselhos para ver se acabamos com este síndrome de mãe perfeita: a casa por limpar, a roupa por lavar ou passar, o marido, trabalho, tudo fica em segundo, terceiro ou whatever plano... o que é importante é que descansem esse corpo que passou por tanto e essa cabeça que está a funcionar a mil. Além de não ter vergonha de pedir ajuda ou simplesmente pedir para desabafar!
Agora para as mães, independentemente do que te digam ou do que digas a ti própria, espero que saibas que estás a fazer um trabalho espectacular e sabes porquê?
Agora para as mães, independentemente do que te digam ou do que digas a ti própria, espero que saibas que estás a fazer um trabalho espectacular e sabes porquê?
Porque é o teu bebé e ninguém o conhece melhor do que tu que és Mãe pois apesar do que se está a passar com o teu corpo e com a tua cabeça, esse amor está-te tatuado, para sempre, na tua alma!