29 de dezembro de 2021

Linguagem do Amor

 


Em primeiro lugar, gostaria de frisar que não há consenso na comunidade de psicólogos e terapeutas relativamente a este assunto, aliás isto até é mais usado em terapia para casais, mas para quem nunca ouviu falar do tema, vou explicar de forma muito breve e em consideração os profissionais que efectivamente concordam com o assunto. 

Love languages ou as linguagens do amor que as pessoas em relações afectivas usam para demonstrar o seu amor e afecto entre si, estão divididas em 5 categorias. Temos então: physical touch (toque físico), words of affirmation (palavras de afirmação), quality time (tempo de qualidade), receiving gifts (receber presentes) e acts of service (acções ou serviços).

O pensamento por atrás é que cada pessoa expressa o seu amor de maneira muito própria, "na sua própria linguagem", e numa relação uma pessoa pode expressar de uma forma e a outra pessoa de outra, não falando assim a mesma "linguagem". Ou seja, mesmo quando duas pessoas se amam muito, ambas podem não sentir o amor da outra pois é numa outra linguagem.

Por exemplo, psychical touch é a primeira linguagem que aprendemos como crianças, que é crucial para o nosso desenvolvimento, aliás esta linguagem é crucial para qualquer relação: segurar as mãos, beijos, abraços e miminhos, libertam hormonas mas para pessoas em que esta é a sua love language, é o toque físico que faz com que se sintam verdadeiramente amadas. 

Em words of affirmation, a pessoa precisa de se sentir apreciada, recebendo comentários positivos ou elogios, seja pelas acções ou simplesmente "gosto muito de ti".

Em quality time, é a pessoa receber undivided attention, ou seja, actividades em que sinta que a outra pessoa esteja a dedicar aquele tempo somente para ela.

Quanto a receiving gifts, é literalmente receber presentes, que pode ser apenas uma flor selvagem apanhada no jardim, seja uma caixa de chocolates ou um livro... Estas pessoas sentem-se apreciadas assim.

Relativamente com acts of service, é o equivalente de "acções falam mais alto", no sentido que se sentem verdadeiramente amadas quando a outra pessoa limpa a casa, por exemplo, ou cuida da roupa ou ainda trata das compras de mercearias.

Portanto, como disse, duas pessoas podem ter duas linguagens diferentes, por exemplo, (e vou utilizar como exemplo uma relação heterosexual) um homem que está constantemente a oferecer massagens à sua mulher, enquanto que ela lhe está sempre a dizer o quão fantástico ele é como marido e como pai. Mas a verdade é que o homem procura o toque, preferindo talvez uma massagem da mulher, enquanto a mulher deseja que o marido afirme e reconheça o que ela faz pela família. Isto é extremamente interessante, especialmente em terapia de casal ou simplesmente descobrir num teste online qual a sua love language, e ver se faz sentido na sua vida e nas suas relações, além dos problemas que nela tem ou teve. 

Muito interessante mas... A minha dúvida é outra! 

A minha verdadeira questão é: será que nós nos amamos a nós próprios na nossa própria love language? Ou seja, se a nossa love language é words of affirmation, dizes em voz alta (ou escrever num journal) a ti próprio(a) o quanto és espectacular ou elogiar as coisas boas que fazes? Ou se és quality time e dedicas umas horas para fazer algo somente para ti? Ou ainda se és physical touch e marcas um spa day de vez em quando? Ou se és receiving gifts, se no final do mês compras um miminho só para ti? Ou se és acts of service que tal fazer algo como voluntariado?

Seja que linguagem for, será que te amas na mesma linguagem? Porque mais difícil do que aprender a amar outra pessoa, é mesmo aprender a amarmos a nós próprios. 

17 de dezembro de 2021

Zeus, o deus que não sabia estar quieto

 


Como não mencionar todas as escapadinhas deste deus?! 

Zeus é, na verdade, o pai dos deuses… e acho que levou esse título demasiado a sério e tentou ser o pai de toda a gente.

Era muito comum ele transformar-se em animais para conseguir aquilo que queria. Impressionou a Demeter e a Persephone transformando-se numa serpente; a Asteria e Aiginia numa águia; a Boetis numa cabra; a Europa num touro; Phtia numa pomba e Leda num cisne, entre muitos outros. 

Contudo, numa comunidade clássica como esta, é aceite o que atualmente é considerado violação. Na verdade, significava mais um rapto ou simplesmente o ato de levar. Por isso, se calhar estamos a ser muito duros com Zeus… Afinal ele apenas levava as mulheres, o facto de meses depois nascer uma criança é pura coincidência.

Mas a bela da ironia é que Zeus é o deus dos juramentos, punindo todos aqueles que mentem ou são desonestos… Ou seja:

1. Obviamente, Hera não recebeu o memorando.

2. “Olha para o que eu digo, não para o que eu faço.” - Zeus

3. O bom castigo para ele seria pagar a pensão de alimentos de todos os filhos, LoL.


Nota: tive que colocar uma imagem do filme da Disney, Hércules porque nunca uma imagem está mais fofa e errada ao mesmo tempo, LoL.

Nota: muito obrigada Sam_Livralma pela revisão do texto.

8 de dezembro de 2021

Wonder Woman: the true amazon (opinião SEM spoilers)


 

Em primeiro lugar, quero agradecer à Olga pela prendinha! Eu que tinha tão pouca banda desenhada em formato físico, agora já tenho toda uma secção e uma das grandes culpadas é definitivamente a Olga.

Tenho a dizer que adorei ler este comic, principalmente pela arte em si que é só fantástica mas também pelo pequeno vislumbre à história de origem da Wonder Woman. Não é a história mais espectacular mas para mim valeu imenso a pena pois esta heroína nunca assim uma grande favorita pela imagem de perfeição que passava para fora. 

Que achava sempre um piadão a pessoas que perpetuavam essa imagem de perfeição pois a origem efectivamente da personagem tem assim todas umas nuances de BDSM mas isso são para outros carnavais que muito possivelmente irão acontecer no Geekices do Demo.

Portanto, a história desta comic, deita essa imagem de perfeição um pouco por terra e foi isso que me fez gostar mesmo muito do comic. Claro que o facto de ter mitologia grega ajuda sempre, não é mas relativamente à heroína em si, foi uma excelente adição. 

Já leram algum comic desta personagem? Qual é a vossa heroína favorita? 

24 de novembro de 2021

A Touch of Darkness (opinião SEM spoilers)


 

Numa altura em que não estava com grande cabeça para ler, decidi fazer uma leitura conjunta com a Sara deste livro da Scarlett St. Clair. Tendo em conta que é um livro com a minha mitologia favorita (a mitologia grega, caso não saibam) e sendo um livro com bastante hype na comunidade livrólica, decidi fazer todos uns vlogs de leitura, partilhando assim a minha experiência. 

Vou deixar mais abaixo esses mesmos vlogs mas primeiro vou fazer uma curta opinião pois muito já foi dito nos vlogs. Aliás, se por acaso estiverem indecisos se vão ler este livro ou não, o meu conselho pessoal de amiga é: não leiam, vejam os vlogs que é tempo mais bem gasto, LoL.

Dito isto, acho que já começam a perceber o que achei do livro não é? Eu primeiramente pensava que o livro tinha sido publicado através de uma editora, o que me estava a deixar escandalizada mas depois ao descobrir que foi auto-publicado, só me deixa mesmo impressionada com o facto dos livros terem ido tão longe. Tendo em conta que sendo auto-publicado muito da remuneração vai para a autora mesmo, custou-me bem menos a aceitar o sucesso desta saga.

No início ainda estava aberta a ler a saga, pelo menos para tentar perceber o hype e depois perceber se os livros ficariam melhor ao longo da saga. Decidi que não o iria fazer pois enquanto estava a ler este livro, as minhas teorias e especulações eram melhores do que o enredo que me era apresentado. Muito mau sinal quando isso acontece. 

O livro todo tem uma vibe de 50 Shades of Grey mas com mitologia grega pelo meio. Que nada contra esse tipo de livros mas esperava mais, muito honestamente, principalmente quando via reviews a dizer que o livro era fantástico et cetera. A personagem principal, Persephone, não tem evolução nenhuma; Hades, mal sabemos alguma coisa dele porque ele mal fala coitado; o vilão é super fraquinho. Adicionando o facto de muitas das coisas serem cliché e a autora não ter trazido nada de novo ao mito, o que não tornou a leitura deste livro num suplício foi mesmo o facto de ter sido em leitura conjunta com a Sara. 

A razão pela qual eu leio retellings, principalmente recontos do meu mito favorito Hades e Persephone, porque gosto de ler algo com um cunho pessoal. Uma nova abordagem, uma nova maneira de ver as coisas, um novo twist... Não senti isso neste livro, de todo. Não trouxe nada de novo ao mito, foi apenas uma abordagem cliché e com personagens muito pouco desenvolvidas. 

Assim sem dar spoilers, não consigo dizer muito mais mas não consigo aconselhar mesmo este livro a ninguém quando eu li o "Hades and Persephone: the curse of the golden arrow" que é também self-published, com algumas correcções a fazer mas em termos de abordagem do mito e da mitologia que o emgloba, está muito melhor. 

Portanto, já leram este livro? Concordam com o que eu digo ou nem por isso? Não podemos gostar todos do mesmo, já sabem e eu sendo uma grande fã deste mito se calhar tendo a ser um pouco mais exigente nos livros que me aparecem nas mãos com o tema em questão.

Já agora, conheciam este livro? Estavam indecisos se o iam ler ou não? Já sabem... vejam os vlogs, está tudo lá dito, LoL.


1º vlog (SEM spoilers) - Vlog de leitura de "A Touch of Darkness"




2º vlog (COM spoilers) - I read "A Touch of Darkness", so you don't have to




3º vlog (COM spoilers) - "A Touch of Darkness", our final verdict


P.S. - Mais uma vez, muito obrigada Sara por alinhares nestas minhas maluqueiras e por tornares as nossas leituras conjuntas sempre espectaculares, tanto seja pela rambóia como pela análise brutal que fazes sempre dos livros!  

10 de novembro de 2021

Malibu Rising (opinião SEM spoilers)

 


Como já devem saber, a autora Taylor Jenkins Reid, não é uma estranha aqui no Reino. Aliás eu estava mesmo na demanda de ler tudo da autora, que com a leitura deste livro mais recente dela, completo então este desafio.

Este livro é na sua essência um drama familiar. Tem duas timelines diferentes, uma mais recente e outra nos anos 80, ambas passadas em Malibu. Não só isso, temos diversas perspectivas dentro do tal drama familiar., o que se calhar foi isso que tornou difícil na leitura de ter o mesmo tipo de emoção visceral que tive, por exemplo, no Daisy Jones and The Six ou ainda no The 7 Husbands of Evelyn Hardcastle

Apesar de não ter tido a mesma reacção que nos outros dois livros mais recentes da autora, a escrita é na mesma fantástica, com uma musicalidade incomparável e sempre com grande detalhe relativamente à emoção humana retratada tão realisticamente, que a autora já nos habituou.
Este livro não é então um "romance" por assim dizer, é literalmente a história de uma família imperfeita e as suas relações com os seus altos e baixos.

É engraçado como no livro todo sabemos quando vai ser o climax mas mesmo assim estamos a ler ansiosos para lá chegar e saber o seu desfecho. Pessoalmente eu consegui prever um pouco mas não me tirou o prazer de ler mais uma história contada pela autora. Aliás a minha parte favorita foi mesmo as relações e o trauma familiar. 
Pois muitas das vezes os adultos não têm noção de como certas situações podem afectar o desenvolvimento das crianças, até mesmo a sua personalidade. Essa parte, mais uma vez, Taylor Jenkins Reid, não desiludiu nem um bocadinho!

Portanto se quiserem ler um livro em que o tema principal é um drama familiar, com diversos pontos de vista, este livro é para vocês. Contudo, se esperam ter o mesmo tipo de emoção visceral que nos outros livros da autora, então este livro não é para vocês ou então tirem essa espectativa antes de o lerem. 

Já leram este novo lançamento da autora? Ou já leram ou têm algo para ler da Taylor Jenkins Reid?


P.S. - mais uma vez obrigada à Sara, que foi a minha compincha de leitura. Conseguimos finalmente ler tudo da autora!

5 de novembro de 2021

V for Vendetta (opinião SEM spoilers)



People shouldn't be afraid of their government. Governments should be afraid of their people.

Behind this mask there is more than just flesh. Beneath this mask there is an idea... and ideas are bulletproof.


Quando decidi adquirir alguns comics, este estava no topo da minha lista! Não só por ser uma mega fã do filme (que já revi mais vezes do que é provavelmente recomendado), não só por querer ter algo do grande Alan Moore nas minhas estantes mas também por ser uma mega recomendação de muita gente da comunidade dos livros. Aliás, eu já tinha lido online o League of Extraordinary Gentlemen do autor e apesar de ter achado interessante, não senti a necessidade de comprar mas... "V for Vendetta" foi diferente.

Este comic pode ser lido talvez num par de dias mas a verdade é que, pessoalmente, tive que fazer várias pausas a lê-lo. Isto porque o livro foi finalizado em 1988, ou seja, em mais de 30 anos, como é que passado este tempo todo, os temas abordados continuam relevantes?

Para quem não conhece V for Vendetta de todo, os temas revolvem à volta de uma Inglaterra distópica, onde numa ditadura aparece uma personagem que mostra à população que efectivamente uma jaula dourada, não deixa de ser uma jaula. Como seria de esperar tem história, política e muitos tons distópicos, por isso gostaria só de dizer que este livro tem como propósito não só nos alertar como também nos incomodar e nos enfurecer. É-me mesmo difícil de tentar fazer uma opinião quando eu gostei mesmo muito do livro, esta leitura para mim não foi de 5 estrelas mas de 6! 

Gostaria também de deixar a nota que, agora depois de ter lido o livro, considero que o filme até está relativamente bem adaptado. Não só pelo retrato brutal das personagens (com um casting que é só maravilhoso) como a transmissão perfeita dos temas do livro.

Se gostam de ou querem ler mais distopias, se querem ler um livro que ataque a vossa comodidade ou faça uma grande análise social, se querem ler (na minha opinião) um clássico que continua assustadoramente relevante e com um final que pessoalmente acho fantástico... aconselho vivamente este livro!

Remember, remember the fifth of November of gunpowder treason and plot. I know of no reason why the gun powder treason should ever be forgot.

1 de novembro de 2021

We are all connected


Eu sei que talvez já vou tarde para qualquer post sobre o Halloween, aliás não era de todo o meu propósito. Mas só gostaria talvez de hoje vos falar do que acho relevante sobre esta altura do ano em si...

Ora bem, nesta Era Digital, toda a gente conhece o Halloween e também devem conhecer a celebração da cultura Celta, o Samhain. Há, com certeza, pessoal mais entendido que vos pode fazer uma colocação mais profunda a nível cultural, temporal e geográfico. Não é o meu caso...


O que eu acho deveras interessante, é o facto de várias culturas terem celebrações semelhantes nesta altura do ano... Acho intrigante o facto de culturas separadas por semanas (ou meses) de caminho a cavalo, de barco ou até mesmo a pé, tinham semelhanças nas suas celebrações religiosas e superstições.

Um bom exemplo, seria falarmos de Vetrnaetr, da cultura nórdica. Que não seria necessariamente no dia 31 de Outubro mas era celebrado, mais ou menos, durante este mês. Onde os nórdicos rodeavam caldeirões fumegantes, rezando aos Deuses e aos Elfos mas principalmente as Dísir, que são seres que controlam o destino da humanidade e nesta celebração se pedia a sua bênção.

Outro exemplo, seria os Eleusinian Mysteries, que era uma grande festividade da Grécia Antiga do qual sabemos pouco. Do que sabemos, é que se dava por volta de Setembro ou Outubro. E que começou como uma celebração agrária, com os deuses Dionysus e Demeter. Mas que depois com o nascimento de Kore/Persephone, transcendeu para algo mais profundo, sobre a nossa viagem para os Elysian Fields.

Contudo, há certos académicos e historiadores acreditam que esta celebração da Grécia Antiga, foi potencialmente influencianda pelas crenças do Egipto Antigo, em que a morte é apenas uma outra fase da nossa existência e não apenas o fim de tudo.

Independentemente da cultura, da mitologia, dos deuses ou dos rituais... é super interessante ver que numa Era em que estávamos bem mais separados (comparativamente à Era em que vivemos agora, onde com um click conseguimos estar em contacto com costumes do outro lado do mundo), onde havia todo um consenso em que nesta altura é a nossa oportunidade para celebrar não só a nossa Mãe Natureza, por mais um ano de abundância, como também celebrar o outro lado do "véu" e as suas divindades.

Isto para dizer o quê?

Independentemente da Era, sabemos como humanidade que lá no fundo (mesmo que seja lá no fundo de tudo) que estamos todos conectados! Para quê tanto preconceito e ódio com o próximo, quando vamos todos nos encontrar, eventualmente, do outro lado do véu?

Quem sabe um dia o Halloween não evolui de não só de uma antiga celebração pagã, para uma nova celebração mundial de tolerância.


Blessed be everyone!